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Mercado de smartphones desaba na China

em Tecnologia
segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Após uma década de crescimento frenético, o mercado de smartphones na China sofre reveses à medida que a COVID tumultua a segunda maior economia do mundo.

Vivaldo José Breternitz (*)

Em 2022, as vendas de smartphones no país caíram 14% em relação ao ano anterior, atingindo seu nível mais baixo em dez anos. Foi também a primeira vez, também nos últimos dez anos, que as vendas desses aparelhos na China foram inferiores a 300 milhões de unidades. Mesmo em dezembro, que historicamente registra vendas mais altas, a China registrou uma queda nas vendas de 5% em relação ao trimestre anterior. Esses dados são das empresas de pesquisas de mercado Canalys e Counterpoint.

A rigorosa política de “zero-COVID” que foi adotada pelo governo chinês nos últimos três anos, prejudicou os negócios e diminuiu a confiança do consumidor; além disso, as dificuldades econômicas que vem sendo observadas no resto do mundo, ajudaram a gerar o fim dos anos de crescimento de dois dígitos da China.

Os problemas aumentaram quando o relaxamento abrupto das restrições relativas à COVID no início de dezembro resultou em um aumento nos casos da doença, prejudicando ainda mais a economia – no ano passado, o PIB da China cresceu 3%, o menor número em décadas, exceto 2020.

A China não é a única a experimentar uma tendência de queda na venda de smartphones: globalmente, as vendas diminuíram 11% em 2022 em comparação com o ano anterior, totalizando 1,2 bilhões de unidades.

A grande liquidação normalmente promovida pelo portal Alibaba em novembro, alertou sobre o enfraquecimento do poder de compra da China: o evento, que costuma ser comparado à Black Friday ocidental e visto como um indicador do apetite do consumidor do país, não divulgou seu volume de vendas em 2022, pela primeira vez desde sua criação em 2009

Mas nem todos perderam: a Apple terminou o ano com uma participação de mercado recorde de 18%, graças a “suas promoções agressivas” e demanda “resiliente” no segmento de luxo na China, de acordo com a Canalys. Sua ascensão também coincide com a queda da Huawei no mercado de celulares premium, desde que as sanções americanas cortaram seu acesso a chips de última geração.

No entanto, o relacionamento da Apple com a China continua delicado. O país não é apenas um de seus maiores mercados, mas tem sido a espinha dorsal dos processos de fabricação que a tornaram a empresa mais valiosa do mundo. Nos últimos anos, no entanto, interrupções relacionadas à COVID, como protestos de trabalhadores em uma grande fábrica da Foxconn que causaram atrasos à produção, levaram a Apple a repensar sua cadeia de suprimentos.

O Wall Street Journal informou no início de dezembro que a Apple estava tentando realocar algumas de suas atividades fabris da China para outras partes da Ásia, em especial Vietnã e Índia – em 2025, a Apple planeja estar produzindo na Índia 25% de todos os iPhones, segundo analistas do JP Morgan.

No quarto trimestre de 2022, as marcas de smartphones mais vendidas na China foram Apple, Vivo, Oppo, Honor (que foi desmembrada da Huawei após as sanções americanas) e Xiaomi.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.