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Técnicos do mundial de futebol orientam estratégias de liderança

em Destaques
quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

“Vestir a camisa” é uma das tantas expressões que o universo corporativo tomou emprestadas do futebol. Esta época de Copa do Mundo nos oferece boas oportunidades de traçar outros paralelos entre os embates futebolísticos e as estratégias nas empresas. Um dos focos de observação para esse exercício é o de como os técnicos se comunicam com os jogadores que comandam.

A partir da análise do comportamento desses profissionais durante um evento tão midiático quanto o Mundial, a PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho — Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta, Juliana Algodoal, que já treinou mais de 500 profissionais de alta liderança de empresas como Itaú, Porto Seguro e Grupo Fleury, apresenta 5 lições que os líderes corporativos podem tirar da Copa.

“O que a mídia escancara é apenas um recorte da complexa relação entre líder e liderados do esporte”, afirma Juliana Algodoal. “O principal se passa nos bastidores, e é salutar que haja coerência entre o contexto interno e o que transparece para o público. A comunicação do técnico precisa ser coerente e transparente”.

Confira o que os gestores podem aprender com as atitudes dos técnicos de futebol durante as partidas — e além dos 90 minutos de jogo também.

  1. – Grito não ganha jogo – Pesquisas apontam que quem grita geralmente não tem razão. Ultimamente, aquele modelo de técnico linha dura, inflexível, dono da verdade e que faz valerem suas vontades falando alto e com a prerrogativa do cargo à frente dos argumentos lógicos não tem mais lugar no mercado. Um gestor empresarial nesses moldes também está fora do jogo corporativo.
  2. – ‘Queimar’ o comandado em público prejudica o grupo – Tanto no futebol como na empresa, o membro do time não gosta que o líder chame a sua atenção em público. É recomendado guardar a “bronca” para uma interação “tête-à-tête”. Ninguém quer ser linchado em praça pública. Aliás, uma atitude assim pode queimar os dois lados.

Em 2021, foi notório o impacto que uma discussão entre técnico e jogador flagrada pelas câmeras causou no ambiente do grupo de um grande clube brasileiro. O treinador em questão alegou que havia sido um “papo espontâneo”, mas os termos usados e o tom acusatório da ocasião não cabem em nenhum tipo de relação profissional. Não por acaso, tanto um quanto o outro não tiveram vida longa na referida equipe.

Elogios, por sua vez, são bem-vindos publicamente. Inclusive, podem servir de exemplo para melhorar o desempenho dos companheiros do elogiado. Essa comunicação, contudo, requer bom senso para evitar que as referências resvalem em um estigma nada positivo: o de “preferido do chefe”, que se aproxima de uma conotação de privilégio injustificado. O senso de justiça deve prevalecer na conceituação de um líder.

  1. – A liderança precisa ser global – O campeonato mundial reúne comandantes do mundo todo, que carregam consigo culturas diferentes e que precisam interagir com outros profissionais de backgrounds muito distintos. Exatamente o que ocorre nas corporações, cada vez mais globalizadas. Líderes migram entre países e passam a liderar times de perfil multicultural e diversos.

Um técnico de seleção tem a missão de coordenar, por um tempo limitado, jogadores provenientes de vários times diferentes, ali reunidos para um projeto específico: ganhar o torneio entre seleções nacionais. Essa situação remete a um formato que se torna mais e mais comum nas empresas, o de squads de trabalho montados para determinadas finalidades.

Seus líderes precisam extrair o melhor dos profissionais que chegam de outras áreas e até de outras organizações para cumprir uma meta bem direcionada.

  1. – Fala e ação precisam caminhar juntas – A coerência do líder também é necessária quando comparamos discurso e atitude. O bom líder é aquele que age de acordo com o que fala, e isso vale na empresa e no futebol. Muitos jogadores que têm trabalhado com técnicos portugueses que vieram para o Brasil destacam o quanto esses treinadores são focados em seu trabalho e conhecem a fundo esquemas táticos e estratégias de jogo.
    Essa competência, que transparece a cada dia de convívio, é fundamental para reforçar o elo de confiança entre líder e liderados, que se sentem conduzidos pelo caminho certo, por alguém que “sabe o que está fazendo” e não apenas prega uma sabedoria vazia. Trata-se de uma comunicação não verbal das mais efetivas.
  2. – Liderança do tipo “o médico e o monstro” não traz bons resultados – O líder não pode ter uma cara da porta para dentro e outra da porta para fora. Uma inconstância dessas pode levar a confiança do time em seu comandante à ruína. Um técnico apaziguador e justo no vestiário que se transforma em um tirano descontrolado quando está à beira do campo perderá pontos com os seus comandados.

Da mesma forma, considere um gestor no meio empresarial que se porte com os liderados de uma maneira em reuniões internas do time, ou no privado com cada um dos integrantes, e adote uma postura bem diferente em encontros que envolvam lideranças de outras áreas da companhia. Esse comportamento passa a imagem de pouca veracidade ou falta de lealdade do chefe. – Fonte e mais informações, acesse: (https://linguagemdireta.com.br/).