Temos recentemente ouvido falar muito em “guerra de culturas”, na “superioridade da cultura ou etnia x sobre a y” e outras “pérolas” do mesmo calibre. No entanto, para qualquer observador dotado de um mínimo de bom senso, é claro que a coexistência de diversas culturas e etnias é salutar para o desenvolvimento de cada uma delas.
Vivaldo José Breternitz (*)
Fazemos essas afirmações por termos nos lembrado de um fato que vivenciamos há bastante tempo e que consideramos um exemplo muito singelo e interessante das vantagens dessa coexistência; relatamos agora esse caso sem querermos “bancar o sociólogo”, até por conta de nossa ignorância na área.
Vamos ao fato: fomos a Maringá, para uma conversa com estudantes. Depois da reunião, cansados e com fome, fomos a um local chamado “Restaurante e Pizzaria Napoli”, já antecipando o prazer de um jantar italiano.
A casa era decorada no estilo que os frequentadores de botecos chamam jocosamente de “português contemporâneo”: mesas na calçada cobertas por um toldo, arandelas, prateleiras com garrafas, luminárias embutidas num teto de gesso, TV mostrando futebol, etc. – enfim, aquele estilo peculiar que o pessoal trouxe da terrinha lusitana – mas tudo muito limpo e cuidado.
Logo ao chegar, pedimos uma cervejinha, pois a conversa fora longa – não sabemos se era a sede, mas a “loura” estava simplesmente deliciosa, gelada no ponto certo. Ao olhar o cardápio, uma surpresa: poucas pizzas, mas sushi e sashimi!
A mistura começava a se configurar: restaurante italiano, decoração lusitana, bebida alemã, comida japonesa! Acabamos escolhendo um filé “Tepan Yaki”, de que nunca havíamos ouvido falar: filé grelhado, servido numa espécie de caldeirão baixo de ferro fundido, acompanhado por verduras e legumes refogados, batatas fritas, arroz e, por incrível que pareça, bacon! Não somos especialistas em culinária, mas bacon certamente não é um ingrediente comum na cozinha japonesa… O fato é que o prato estava excelente!
Confirmando o que dissemos no início: o mix de culturas e etnias produziu um ótimo resultado, ainda mais porque compuseram esse mix a simpatia e o carinho paranaenses com que o jantar foi preparado e servido. Não é propaganda, mas se o Napoli ainda existir merece uma visita, pois além de tudo o jantar foi muito barato.
Se forem a Maringá, fica aqui a sugestão…
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.