A Accenture é uma grande empresa multinacional que atua em diversas áreas, inclusive contratando pessoal para prestar serviços a outras empresas.
Vivaldo José Breternitz (*)
Recentemente a Accenture disse a cerca de 60 de seus empregados que prestam serviços à Meta, antes chamada Facebook, que seus serviços não seriam mais necessários; essas pessoas atuavam na área de moderação de conteúdo do Facebook.
As razões para os cortes não ficaram claras, pois os trabalhadores não receberam qualquer explicação, tendo sido informados da demissão através de uma videoconferência agendada às pressas, durante a qual representantes da Accenture que não se identificaram, disseram aos demitidos que eles haviam sido selecionados aleatoriamente por meio de um algoritmo, não estando claro se esse algoritmo foi acionado pela Accenture ou pela Meta.
A Meta se recusou a comentar o assunto, e um representante da Accenture procurou minimizar os fatos, dizendo que os trabalhadores afetados foram informados de que poderiam se candidatar a outras oportunidades dentro da empresa.
O que é certo é que os cortes ocorrem em um momento em que a Meta enfrenta desafios sem precedentes em meio a uma desaceleração econômica que atinge seus negócios de publicidade. A empresa, que recentemente reconheceu ter sofrido queda de receita pela primeira vez em sua história e ter perdido bilhões de dólares em sua divisão de realidade virtual, já cortou drasticamente os planos de contratações e recomendou aos seus gerentes a demissão de pessoal com baixo desempenho.
A Meta também reduziu alguns dos benefícios extravagantes que dava aos funcionários, como serviços de lavanderia no local de trabalho; seus funcionários estão preocupados com boatos acerca da demissão de 10% do quadro de pessoal, embora a empresa venha negando que tenha planos de demissão em massa.
O trauma pela demissão tornou-se maior pela forma como essa foi feita, por videoconferência conduzida por pessoas não identificadas e pela menção ao algoritmo – algo que mostra o grau de desumanização das práticas dessas empresas.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas