Como era de se esperar, o Twitter entrou na justiça contra Elon Musk. O objetivo da rede social é obrigar o CEO da Tesla a respeitar o acordo de compra da rede social por 44 bilhões de dólares, assinado em abril passado.
Vivaldo José Breternitz (*)
Um tribunal de Delaware decidirá se Musk deve honrar o contrato ou se o Twitter não cumpriu suas obrigações contratuais deixando de fornecer à equipe do empresário os dados necessários à apuração do número de contas falsas na plataforma, que para a rede são 5% e para Musk entre 12 e 20% do total.
Conhecer o número exato é essencial para definir-se o verdadeiro valor do Twitter, pois as contas reais são as únicas que podem ser monetizadas através de anúncios, que atualmente representam 90% do faturamento da rede social.
A decisão de Musk de não honrar o acordo coincidiu com a recente queda do valor de mercado de ações de muitas empresas de tecnologia; a Nasdaq, como um todo, caiu cerca de 30% em relação a abril. A queda atingiu também as ações da Tesla, o maior patrimônio de Musk, que ao que parece pretendia vender parte delas para adquirir o Twitter – com a desvalorização, o empresário teria que se desfazer de uma parte muito maior de seu patrimônio para honrar a compra.
Observadores acreditam que as partes podem ainda chegar a um acordo; há também uma cláusula no contrato que permite a Musk, sob certas circunstâncias, romper o contrato pagando uma multa de um bilhão de dólares.
Se o negócio não for fechado, o Twitter deve passar a viver momentos difíceis: suas ações estão a preços cerca de 40% abaixo dos US$ 54,20 que Musk pagaria por cada uma delas. Em maio, seu CEO Parag Agrawal, disse que a empresa não está conseguindo bater suas metas financeiras e de negócios; soma-se a isso um clima ruim entre seus empregados, muitos dos quais acusam os gestores da empresa de estarem conduzido o assunto de forma fraca e ineficaz.
Agora a espera é pela resposta de Musk, que deve ser ouvido antes do julgamento. No entanto, o tribunal onde corre a ação repetidamente tem exigido que contratos desse tipo sejam respeitados.
De qualquer forma, bastante tempo deve transcorrer até uma decisão final – a guerra está apenas começando.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.