O mercado da moda está em constante movimento, com novas coleções, formatos e texturas a cada estação. Apesar das novidades permearem o setor, há um nicho que vem ganhando relevância globalmente: o de itens de segunda-mão.
O Boston Consulting Group (BCG), consultoria global de gestão e estratégia, em parceria com o Enjoei, marketplace brasileiro líder em revenda de artigos de moda usados, lança o estudo ‘A (re)descoberta da moda seminova no Brasil’, analisando o setor, seus consumidores, motivações e expectativas para o futuro do consumo de produtos de segunda-mão no país.
Segundo o BCG, é estimado que somente itens como roupas, sapatos e acessórios usados representam de US$ 30 a US$ 40 bilhões em valor a nível mundial. A tendência é que a quantidade de peças de segunda-mão nos armários dos consumidores aumente nos próximos anos, com cálculos de crescimento a taxas anuais (CAGR) de 15% a 20% nos próximos 5 anos.
No Brasil, a compra de itens usados é uma realidade comprovada pelos mais de 3 mil respondentes do estudo — 56% deles alega ter feito ao menos uma transação de compra ou venda desse tipo de produto nos últimos 12 meses. Apesar de produtos eletrônicos chamarem a atenção de metade dos respondentes na hora de comprar usados, são os itens de moda, como roupas, sapatos e acessórios, os grandes procurados em lojas de segunda-mão, representando 49, 34 e 33% das escolhas.
A variedade no guarda-roupas é outro ponto importante para os consumidores brasileiros, que valorizam a qualidade das marcas durante as compras — 32% dos entrevistados compram roupas de segunda-mão para conseguir diversificar o armário. Além disso, clientes de usados, na média, têm armários com mais curadoria, e acesso a itens premium são a razão da compra de 46% das respondentes do estudo.
Para Flávia Gemignani, diretora associada do BCG, os resultados do estudo vão além de um simples diagnóstico de consumo, delineando um panorama importante dos hábitos e opiniões de parcelas significativas dos brasileiros. “A prática de adquirir peças usadas e mesclá-las com roupas novas não é algo recente.
Desde aquelas trocas informais entre amigas, passando pelos empréstimos entre irmãos, até a doação da peça que não cabe mais em você, tudo isso faz parte de nosso dia a dia há anos”, lembra a executiva. “Observamos em nosso estudo, a força desses costumes ainda na atualidade sendo impulsionado por plataformas digitais”, completa.
A começar pelas motivações dos consumidores de usados, 52% dos entrevistados afirmam que o preço baixo é o que mais atrai em peças usadas. Promoções que diminuem o valor total da compra, como frete grátis ou descontos, também impulsionam as compras dos brasileiros, aumentando sua frequência, e questões como confiança, relacionamento com o vendedor e prazo de entrega são secundárias na hora de comprar.
A sustentabilidade, apesar de ser um dos pilares da moda-circular por dar um destino às peças que seriam descartadas e por não incentivar a produção de novas roupas, é a razão de compra apenas de 30% dos brasileiros respondentes da pesquisa. O estudo traz, ainda, informações sobre quem movimenta o mercado de segunda-mão de outra forma: vendendo.
O desejo de passar roupas para frente e liberar espaço no guarda-roupas são os principais pontos que levam o brasileiro a vender seus itens usados, liderando o ranking de motivos com 38 e 34% respectivamente. Realizar a venda dos produtos para gerar dinheiro extra aparece um pouco atrás, com 27% dos respondentes, e 12% vendem por acharem a experiência divertida.
Conforme Tiê Lima, cofundador e CEO do Enjoei, outro achado importante do estudo foi a relevância atual de peças de segunda-mão no acervo de moda dos brasileiros. “Vemos uma média de 20% do guarda-roupas sendo ocupado por itens usados dentre os compradores e vendedores desse tipo de produto. A expectativa é que esse número suba mais ao longo dos próximos anos”, afirma.
Apesar de boas perspectivas para o mercado de usados nos próximos anos, os hábitos de compra e venda do brasileiro podem representar alguns desafios. “O cenário para o mercado é certamente animador, embora haja uma certa resistência de uma parcela em torno da compra de itens de segunda-mão, sobretudo por falta de confiança sistêmica.
Além disso, muitas pessoas preferem doar as roupas usadas ao invés de vender, então o hábito de comercializar as peças ainda precisa ser normalizado”, finaliza Flávia Gemignani. – Fonte e outras informações, acesse:
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