Vivaldo José Breternitz (*)
O jornal Washington Post noticiou que a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram e WhatsApp, contratou uma agência de publicidade e criação de conteúdo para produzir material destinado a desacreditar o TikTok.
O jornal teve acesso a e-mails trocados entre a agência Targeted Victory e a Meta onde se discutia a produção de editoriais a serem publicados nos principais veículos de comunicação e a criação e divulgação de narrativas sobre supostas tendências do TikTok, tudo com o objetivo de prejudicar a imagem de seu maior concorrente, que é de propriedade da chinesa ByteDance.
Um dos e-mails obtidos diz que a Targeted Victory precisa transmitir a mensagem de que, enquanto a Meta é o atual saco de pancadas, o TikTok é a ameaça real, especialmente por ser o aplicativo mais utilizado por adolescentes americanos, que tem seus dados capturados e compartilhados de forma não muito clara – é uma repetição das acusações que o ex-presidente Trump fazia ao TikTok antes das últimas eleições, nas quais foi derrotado por Biden,
Os e-mails, observa o Washington Post, mostram até onde a Meta vai para combater o TikTok, o rival multibilionário que se tornou um dos aplicativos mais baixados do mundo, muitas vezes superando até os populares Facebook e Instagram.
É mais um episódio do inferno astral que vive a Meta, que no ano passado foi acusada de ter ocultado resultados de pesquisas internas que revelaram ser o uso de seus aplicativos prejudiciais a crianças e adolescentes; essas pesquisas mostraram também que os adolescentes usavam o TikTok muito mais que o Instagram e que a popularidade do Facebook entre os jovens havia despencado.
A Targeted Victory, quando questionada pelo jornal, disse apenas que trabalha para a Meta há vários anos e está “orgulhosa do trabalho realizado”; a Meta nada disse.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT