Ao menos 800 criminosos foram presos na terça-feira (8) em diversos países após uma ação organizada pelo FBI, dos Estados Unidos, e polícias de 17 nações. Para prender o grupo, os suspeitos foram induzidos a baixar um aplicativo, chamado de Anom, onde trocavam conversas sobre diversos delitos.
A operação foi realizada nos EUA, Europa, Austrália e Nova Zelândia por um ano e meio e ainda ajudou a apreender 32 toneladas de drogas (oito de cocaína, 22 de maconha e 2 de meta-anfetaminas), cerca de 250 armas e quase US$ 50 milhões. A polícia da Nova Zelândia descreveu a operação “como a mais sofisticada no mundo contra a criminalidade organizada já conduzida pela polícia”.
Chamada de “Trojan Shield”, a operação com o aplicativo instalado nos celulares registrou mais de 27 milhões de mensagens de, ao menos, 300 grupos criminosos. As principais conversas falavam de tráfico de drogas e de planos de assassinatos contra organizações rivais. “O aplicativo acabou circulando e a sua popularidade cresceu entre os criminosos, que tinham confiança na legitimidade do app porque as principais figuras da criminalidade organizada lhe davam integridade”, adicionou a polícia neozelandesa.
Já o chefe da Polícia da Austrália, Reece Kershaw, afirmou que os líderes viraram “influenciadores do crime” e acabaram “colocando a polícia federal australiana no pé de centenas de suspeitos de transgressões”. “Fundamentalmente, eles acabaram abraçando uns aos outros e confiando no Anom, comunicando abertamente entre si mesmos, não sabendo que nós estávamos escutando tudo ao mesmo tempo”, acrescentou Kershaw.
Já a Europol classificou os resultados da operação como “extraordinários”. Segundo o FBI, a ideia de criar um aplicativo para os criminosos surgiu no fim de 2018, após dois apps usados por eles, que eram criptografados, terem sido desativados. Com isso, a Inteligência norte-americana conseguiu fazer com que os suspeitos usassem o Anom para substituí-los (ANSA).