Heródoto Barbeiro (*)
Não dá para aceitar uma aproximação com a China Comunista. O Brasil está atrelado à política externa norte-americana e todos sabem disso.
Há um temor espalhado pela direita que os comunistas estão sempre de tocaia para tomar o poder, implantar um regime de partido único, vedar a religião, considerada o ópio do povo, despedaçar a família e impor uma ditadura do proletariado. Está muito claro que a China faz planos estratégicos e geopolíticos de longo prazo.
Há uma diretiva que mais cedo ou mais tarde vai testar força com a maior potência do mundo, os Estados Unidos da América. Eles não tem pressa, dizem os cientistas políticos. Nas escolas os professores ensinam que o comunismo chinês nada mais tem a ver com o comunismo soviético. Aliás a aliança foi rompida há muito tempo e os chineses procuram o seu próprio caminho.
Os alunos aprendem que o Império do Meio, como era conhecido tradicionalmente, se guia pelos ditames do Livro Vermelho, escrito pelo Velho Timoneiro, Mao Ze Dong. Este encontra seguidores em países da Europa Oriental e em partidos políticos de esquerda espalhados pelo mundo. Inclusive no Brasil.
A aproximação com a China é uma estratégia que vem sendo acalentada no Brasil, com o apoio da esquerda e até mesmo dos liberais. Afinal o Planeta Vermelho tem uma população de mais de um bilhão de habitantes e os setores agrícola e minerador veem grandes oportunidades de negócios.
Contudo, os canais que podem incentivar o comércio entre os dois países estão fechados. O Brasil não tem relações diplomáticas com a China. O mundo vive a tensão da Guerra Fria e o que vale é o ditado que diz “os que não estão comigo, estão contra mim.”
Os Estados Unidos não querem saber de uma política externa que fuja do seu controle, mas mesmo assim o presidente Jânio Quadros insiste. Manda para os países da chamada cortina de ferro e para a China uma delegação chefiada pelo vice-presidente João Goulart.
A direita se arrepia aterrorizada. Jânio renuncia. Jango está em Cingapura. Sua posse quase leva o Brasil a uma guerra civil. Depois de 31 dias é aclamado presidente. De um governo parlamentarista. O primeiro da república.
(*) – É comentarista da Record News, R5 e Nova Brasil FM.