Paulo Akiyama (*)
O ano de 2021 será o ano da resiliência para o empresariado brasileiro.
Para quem não sabe o que significa este termo, resiliência é a capacidade do indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas — choque, estresse, algum tipo de evento traumático, entre outros. Na minha opinião, 2021 será tão ruim quanto foi 2020. Primeiro, vale lembrar que enquanto não houver vacinação em massa, não haverá retomada das atividades normais das indústrias.
A falta de matéria prima, de produto acabado, eleva os preços dia a dia, pois a lei da oferta e da procura não se pode revogar. A construção civil, por exemplo, sofre com a inflação de insumos como cimento, aço, pedras, acabamento, tintas, entre outros, estando ainda em falta no mercado. Sem contar a mão de obra que está exposta à contaminação e que, quando contaminados, no mínimo se afastam por 15 dias.
Outros setores também vêm enfrentando aumentos generalizados como as indústrias de plásticos, higiene pessoal, alimentação. Além da péssima notícia envolvendo o encerramento das fábricas da Ford, com mais de 5.000 desempregados diretos, sem contar os indiretos. Em sã consciência, não há como mensurar o que as empresas vão enfrentar este ano.
O número de falências, infelizmente, deve manter-se em alta, com aumento de 87% em 2020. O pequeno empresário não consegue manter as portas abertas, seja pela indefinição de políticas de reabertura do comércio, indústria e serviços, além de outros fatores, como afastamento de empregados pela Covid-19, cancelamento de programações de compras de seus clientes, pagamento de ágio de matérias primas como o aço, são alguns exemplos.
Tudo isto leva o empresário a cada dia estar mais vulnerável financeiramente, crescendo assim a inadimplência e por sua vez, pagando com atraso a folha de pagamento e, consequentemente, os empregados não possuem recursos para honrar suas dívidas, ou seja, é um enfileirado de dominó aguardando o primeiro empurrar a pedra inicial e as demais virão caindo uma a uma.
Para quem conseguiu sobreviver ao devastador ano de 2020, 2021 vai exigir ainda mais a busca do equilíbrio financeiro, pois muitos empreendedores precisam se reinventar e criar novas demandas para seus produtos. A onda de vendas de equipamentos para home office tem tendência de decrescimento, pois todos já se abasteceram com os equipamentos. O setor de restaurantes sofrerá ainda mais este ano com o aumento de casos e mortes pelo novo coronavírus, havendo um maior incentivo para o trabalho em casa.
Conheço vários escritórios de advocacia que estão em home office desde março de 2020, ou seja, há 11 meses. Esta nova modalidade de trabalho veio para ficar, tanto que várias empresas têm planos de reduzir os escritórios e, deixando trabalhadores que não são essenciais presencialmente, em regime de trabalho em casa.
A reorganização ou reinvenção deve iniciar com redução de custos, redefinição do mercado alvo, produtos com preços acessíveis à população consumidora, entre outras medidas que cada ramo em particular requer.
Medidas de redução de custos são necessárias dia a dia, em especial para este ano que está incerto se teremos ou não vacina para todos. A recuperação econômica só deve vir a partir do último trimestre deste ano, quando, em princípio, grande parte da população deva estar vacinada e protegida.
A vacinação é a grande aposta do mundo, que está sofrendo com esta pandemia. De modo que as várias vacinas que foram criadas e já começam a ser produzidas e distribuídas, são a grande saída para todos.
(*) – Formado em economia e em direito, é palestrante, autor de artigos, sócio do escritório Akiyama Advogados Associados e atua com ênfase no direito empresarial e direito de família (www.akiyamaadvogadosemsaopaulo.com.br).