À primeira vista, pode parecer estranho pensar em um prédio de escritórios com cara de hotel, pois os dois espaços têm usos bem diferentes quando se trata de trabalho e lazer. O ponto em que se aproximam é a “conciergerie”, ou seja, a oferta de uma variada gama de serviços que proporciona a melhor experiência possível a seus usuários.
“Nunca se falou tanto em experiência do cliente. Esta é uma tendência que estamos observando há uns dois, três anos, especialmente nos mercados de varejo e hospitalar, e que chega agora aos edifícios corporativos na forma de oferta de mais atratividade e serviços”, afirma Luciana Arouca, gerente de Novos Negócios de Projetos e Obras da JLL.
Juntamente a essa tendência, a tecnologia aparece como um fator relevante, proporcionando aos usuários comodidades como reservar uma estação de trabalho ou uma sala de reunião pelo smartphone, agendar manicure e pedicure por meio de um aplicativo ou usar uma carteira digital para pagar por todos os serviços oferecidos no edifício, como alimentação ou empréstimo de bicicletas.
Para trazer mais conforto ainda, já existem condomínios em São Paulo com facilidades que vão desde emprestar um guarda-chuva em dias chuvosos até fazer exames laboratoriais no térreo sem perder a hora de almoço. Luciana pondera que, se até aqui essa tendência vinha se desenvolvendo de forma paralela ao mercado, agora ganha tração após a COVID-19 e pode ser um fator motivador para a volta aos escritórios.
“A pandemia mostrou que muita gente não precisa ir à empresa para exercer sua função. Se não pensarmos no escritório com essa cara de hotelaria, de gerar uma experiência interessante, nenhum colaborador se sentirá encorajado a voltar, especialmente enquanto houver risco de contaminação, por exemplo, para aqueles que utilizam, com frequência, o transporte público”, analisa.
Para os proprietários de edifícios corporativos, a “hotelização” também pode ser um diferencial competitivo importante. “Antes da pandemia, os proprietários estavam em uma situação mais tranquila, porque já não havia tanta vacância em São Paulo. A COVID-19 mudou a equação: como resposta imediata diante do novo cenário, algumas empresas optaram pela revisional de locação e outras pela devolução de espaços”, afirma Luciana.
“Um dos gatilhos para aumentar a atratividade de um edifício é oferecer mais facilidades para que o locatário possa tomar uma decisão que vá mais além do que meramente o aspecto financeiro. Trabalhar remotamente pode ter muitas vantagens, mas o que faz o funcionário não perder o cordão umbilical com a empresa é estar inserido naquela cultura e ter essa experiência no ambiente coletivo de trabalho. O escritório precisa se remodelar para criar uma experiência que faça as pessoas quererem ir à empresa”, explica a executiva.
Pensando em longo prazo (e tirando a pandemia da equação), investir em mais serviços e comodidades nos edifícios corporativos pode se revelar uma ferramenta importante para as empresas na atração e na retenção de funcionários.
“A preocupação com a saúde não é o único fator que motiva o investimento na oferta de mais facilidades. Do lado das empresas, melhorar a experiência dos colaboradores fideliza e engaja, promovendo um ambiente propício à criatividade e um consequente crescimento dos negócios”, aponta Luciana.
“Perder talentos é um dos maiores custos de uma companhia, pois a curva de substituição é longa. Para mantê-los e atraí-los, daqui em diante, não bastará oferecer um escritório bonito ou moderno. Será fundamental criar ambientes que incitem o convívio, a colaboração e o exercício da cultura organizacional como fio condutor para que a retenção aconteça naturalmente”, diz Luciana.
Os benefícios vão além. “A pandemia deixou clara a importância do trabalho em equipe, com times multidisciplinares e diversos. As pessoas entenderam a importância de trocar ideias e dos relacionamentos no trabalho. Isso reforça o sentimento de pertencimento e fortalece a cultura organizacional”, conclui a profissional da JLL.
Fonte e mais informações: (www.jll.com.br).