Wanderson Leite (*)
Tecnologia e construção civil sempre caminharam lado a lado.
Dominar técnicas, ferramentas, materiais e equipamentos possibilitou à humanidade expandir fronteiras, melhorar a infraestrutura das cidades e a qualidade de vida da população – isso sem falar nas grandiosas obras arquitetônicas que impressionam o mundo com suas belezas. Com o passar do tempo, essa ligação entre tecnologia e construção civil foi se tornando cada vez mais próxima, de modo que hoje é impossível desassociá-las.
A inovação é sempre o objetivo do setor, que vê como resultado a melhora da qualidade de materiais de construção, equipamentos mais precisos e a otimização de tempo e recursos que resultam na redução do custo das obras. Historicamente, a construção civil sempre agiu como um forte motor da economia. A Revolução Industrial, na Inglaterra do século 18, só foi possível devido ao acúmulo de capital e a situação geográfica do país, com fácil acesso às mais importantes rotas de comércio internacional.
Sem a construção de vários portos ao longo do território, nada disso teria sido possível. No Brasil, podemos citar como exemplo a economia cafeeira, no início do século 20, que surgiu com a expansão das ferrovias, especialmente no Oeste Paulista. No século 21, o que despontou como o maior interesse das empresas, independentemente do porte ou mercado de atuação? Dados, informações. Com eles, fica mais fácil estudar estratégias, entender as demandas dos clientes, criar perfis de usuários, expandir marcas e muito mais.
Não à toa, países em todo o mundo vêm desenvolvendo legislações específicas para esse tipo de assunto – no Brasil, por exemplo, entrou em vigor recentemente a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). A construção civil é um setor que ainda não se conscientizou da quantidade de dados que produz. E, muitas vezes, essas informações estão concentradas nas maiores empresas, perpetuando um ciclo de domínio no mercado que impede as menores de crescer. Mas, com acesso a informação, isso pode mudar.
É assim que ganha destaque a tecnologia Big Data, capaz de compilar uma grande quantidade de dados, gerar relatórios, criar estatísticas e fazer previsões. Imagine que uma empreiteira está construindo um edifício comercial em determinada região. É interessante para ela saber quais as lojas de materiais de construção mais próximas e com produtos a melhor preço – da mesma forma, o varejo local tem interesse em saber qual a demanda dessa construção, que materiais precisa etc.
Note como vários fatores podem influenciar nessa compra: valores, prazos, quantidade de materiais disponível a pronta-entrega, condições de pagamento. Mas só é possível tomar a melhor decisão para o projeto quando se tem as informações mais apuradas sobre as ofertas. Isso precisa estar na palma da mão, disponível com apenas alguns cliques. Ninguém mais espera ter que sair de casa para fazer orçamentos, e alguns telefonemas podem ser evitados se as informações forem de fácil acesso.
Se levarmos em consideração a crise econômica em que o Brasil se encontra, torna-se ainda mais necessário garantir assertividade aos investidores: o negócio será o mais barato, eficaz e com a melhor qualidade que você encontrará no mercado – tudo isso com base em dados.
É por isso que acredito no Big Data como futuro da construção civil. Com mais informações, o setor se torna mais democrático para lojistas de todos os portes, empresas fecham os melhores negócios e a economia acelera em um momento crucial. No fim, todos saem ganhando.
(*) – Fundador das empresas ProAtiva, app de treinamentos corporativos digitais, e ASAS VR, startup que leva realidade virtual para as empresas, é CEO da Prospecta Obras (www.prospectaobras.com.br).