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Famílias brasileiras comprometem mais de 10% da renda com juros

em Economia
quarta-feira, 07 de outubro de 2020

R$ 278,8 bilhões. Esse foi o montante que o sistema financeiro recebeu pelos juros cobrados de pessoas físicas e jurídicas no Brasil no primeiro semestre do ano. É o que indica estudo realizado pela FecomercioSP, com base em dados do Banco Central (BC) – um valor 1,6% maior em comparação ao primeiro semestre de 2019.

De forma proporcional, o montante representa 7,7% do PIB semestral – isso no período mais agudo da pandemia, num cenário econômico cuja taxa Selic manteve o patamar de 2% a.a. e a inflação permaneceu na faixa dos 2,5% a.a.

O sistema financeiro emprestou R$ 1,76 trilhão para pessoas físicas e jurídicas no País no primeiro semestre, valor equivalente a quase o total dos R$ 2,13 trilhões do saldo de crédito em carteira do sistema no fim de junho de 2020. Isso significou também que o volume de concessões acumuladas entre janeiro e junho cresceu 2,3% em relação ao mesmo período de 2019, quando foi de R$ 1,728 trilhão.

No período analisado, grande parte do montante de juros foi transferido para as instituições financeiras por pessoas físicas: R$ 201,5 bilhões, um crescimento de 1,1% em relação ao primeiro semestre do ano passado (quando foram pagos R$ 199,4 bilhões em juros). Em meio a um contexto pandêmico, a taxa de inadimplência registrou uma variação significativa: 17,1%, passando de R$ 49,8 bilhões nos primeiros seis meses de 2019 para R$ 58,3 bilhões agora.

De acordo com a análise da FecomercioSP, com renda semestral média de R$ 1.971, as famílias brasileiras comprometeram 10,22% de tudo o que receberam para pagar juros. No período estudado, o sistema financeiro emprestou R$ 866,4 bilhões a pessoas físicas no Brasil, praticando uma taxa de juros média mensal efetiva de 3,27%. No acumulado do semestre, essa taxa foi de 21,3% (AI/Fecomercio-SP).