A instabilidade provocada pelo coronavírus expôs a importância de se olhar com carinho para empresas de pequeno porte
Mariana Marson (*)
A pandemia do COVID-19 é uma realidade global. No Brasil, o governo busca alternativas e toma medidas urgentes para frear o contágio e amenizar o impacto do vírus no país. Como método de contenção, o decreto de quarentena temporária tornou-se uma opção eficaz contra a disseminação da doença, sendo adotado pela grande maioria das cidades. Em decorrência do isolamento social, o fechamento de diversos setores de produção e venda, com exceção de atividades consideradas como essenciais à vida, trouxe uma leva de novos desafios para detentores de pequenos negócios.
A crise vai passar. O que realmente importa é a forma como nós, enquanto sociedade, contribuiremos para que os estragos provocados pela pandemia sejam amenizados. Acima de qualquer coisa, a valorização humana deve ser um princípio compartilhado por todos e isso inclui o meio empresarial. Entre os pontos de atenção, a preservação do empreendedor local trata-se da sobrevivência de uma parte fundamental da economia brasileira, além de representar uma fonte considerável de empregos.
Para explorar esse tema e destacar a importância de se prestigiar pequenos negócios, preparei um artigo sobre o assunto. Confira!
Diagnóstico do quadro
Os efeitos do coronavírus no Brasil se aplicam em diferentes frentes. O momento é de reflexão e busca por alternativas cabíveis para superar o período sem maiores prejuízos. Partindo para termos práticos, as empresas menores, em sua maioria, não possuem uma alta reserva de emergência para lidar com os obstáculos de tempos instáveis.
As regulamentações que chegaram para combater o COVID-19 são extremamente bem-vindas e devem comandar esse estilo de vida temporário, afinal, não se trata de renegar ou contestar medidas que priorizem o bem-estar das pessoas. O que de fato pode fazer a diferença é a conscientização dos consumidores quanto à presença de estabelecimentos locais, que movimentam um mercado amplo e servem como base de renda para uma alta parcela dos trabalhadores.
Um recorte sobre o varejo ótico independente
A presença de óticas independentes é sentida por todo o território nacional. Cerca de 80% das 23 mil óticas existentes no Brasil são independentes. Cidades do interior disponibilizam ótimos pontos comerciais. Logo, regiões com um número reduzido de habitantes simbolizam a importância de atividades e produtos óticos acessíveis à população local. Se deterioradas pela pandemia, a falta dessas lojas de menor porte poderá dificultar a vida de quem mais precisa e não dispõe de meios para ir atrás de bandeiras consolidadas.
Além disso, o marketing feito pelas óticas independentes é totalmente diferente das franquias, por exemplo. O comprometimento dos consumidores é o maior aliado das pequenas óticas quanto à sustentação do caixa e continuidade dos trabalhos.
Fator proximidade e desenvolvimento regional
Se a recomendação, por enquanto, é a de ficar em casa e sair somente quando for necessário, não é aconselhável encurtar a distância percorrida? Sendo assim, busque opções próximas a você!
Utilizando um bairro comum como referência e um pequeno varejo que está presente ali, a tendência é de que o dinheiro gasto na loja permaneça na região, abrindo espaço para que novas oportunidades apareçam e, consequentemente, o crescimento na geração de empregos.
Se em épocas de normalidade essa lacuna precisava ser preenchida, tendo a influência de um quadro caótico como o que vivemos atualmente isso torna-se urgente! Deixar qualquer tipo de resistência para trás é o primeiro passo para entender a importância do segmento de pequenos negócios para o andamento do país e a manutenção de empregos.
Como está a situação do varejo local em sua região? Não deixe de comprar do pequeno empresário, seja ele um supermercadista, uma ótica, um restaurante ou qualquer outro.
(*) É Gerente de Marketing da CECOP Brasil, maior comunidade de óticas independentes do mundo, pós-graduada em Marketing pela USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).