Marcos Sardas (*)
No mundo empresarial sempre acontecem altos e baixos.
Uma empresa que esteve no topo por um longo tempo, pode se deparar, de repente, com uma grande crise, enfrentar dificuldades financeiras, ou até mesmo correr o risco de ter que requerer a uma recuperação judicial, ou eventualmente, ir à falência.
Uma empresa é como um ser vivo e orgânico e que se assemelha muito com o ser humano, tanto no que se refere a gestão de seus hábitos e das práticas de atitudes saudáveis, como na prevenção e cuidados que devem ser tomados para possibilitar uma vida longa e prazerosa.
Toda pessoa que se preserva, realiza exercícios físicos, mantém uma alimentação balanceada, equilibra trabalho e lazer, se permite momentos de reflexão, estabelece metas pessoais para si e para sua família, cultiva políticas financeiras para o seu patrimônio, pensando no presente e no futuro.
E toda vez que desvios acontecem, ela ou ele procuram seu médico, seu preparador físico, seu nutricionista, seu psicólogo ou seu banco para promover os devidos ajustes.
Uma empresa é extremamente semelhante. Requer boas práticas de gestão, balanço adequado entre suas receitas e despesas, deve possuir um bom clima no seu ambiente de trabalho, com respeito, porém, que seja leve e descontraído, estabelecer metas estratégicas para ser sustentável e perene e buscar o equilíbrio econômico-financeiro que necessita.
Da mesma forma como o ser humano, constantemente a empresa emite sinais: desvios de rota em relação às suas estratégias previamente definidas, não cumprimento de metas físicas ou financeiras, deterioração do ambiente e do clima de trabalho, baixa atratividade para novas contratações, perda de funcionários para o mercado ou para a concorrência, perda de resultado, piora da sua condição financeira e de caixa, comprometimento econômico e patrimonial.
Aos primeiros sinais, as empresas deveriam iniciar seu processo de correção de rota e de ajustes de suas práticas inadequadas ou ineficientes. Lamentavelmente em muitos casos essas correções vêm tardias e/ou sem eficácia, motivadas por egos inflados, por conflitos internos entre os gestores, falta de uma estratégia definida, falta de costume para lidar com situações difíceis e inusitadas, e muitas vezes, mesmo, por falta de capacitação ou competência para trabalhar problemas que fujam da rotina habitual.
Quando uma situação crítica acontece em uma corporação, seus donos e acionistas muitas vezes desconhecem como reverter o cenário. É comum nesses momentos buscarem a ajuda e suporte externo de uma consultoria empresarial, que imaginam tenha o dom de “transformar sapo em príncipe”, em um curto período. Milagres não acontecem com tanta facilidade.
Muitas vezes o paciente já está na UTI, e a reversão é possível, porém crítica e arriscada. E provavelmente as correções deverão ser cirúrgicas e radicais. Nossa recomendação é que, para manterem-se e preservarem-se as condições saudáveis de uma boa gestão, e evitar dessa forma surpresas desagradáveis de fuga de rota, primeiramente que tenhamos a disciplina e a consciência que ter hábitos preventivos.
Paralelamente nos mantermos alinhados com a estratégia previamente definida, e que se estabeleça, e se acompanhe, de forma rotineira e com bastante rigor, indicadores de performance, que sejam os termômetros de controle das boas práticas e dos bons resultados. Ao menor sinal de desvio, acenda o seu “alerta”.
E, caso necessite de ajuda não espere ir para a UTI. As soluções serão mais eficazes e menos traumáticas.
(*) – Formado pela Escola de Engenharia Mauá e pós-graduado em Administração de Empresas pela Mackenzie, é sócio-diretor da Exxe Consultoria Empresarial e Conselheiro Certificado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.