Kelly Oliveira/Agência Brasil
A retomada do mercado de trabalho deve ser lenta e apoiada principalmente no setor informal da economia. A conclusão é do Relatório de Inflação, divulgado trimestralmente pelo Banco Central (BC). O BC divulgou dois estudos sobre o mercado de trabalho. Em um deles, concluiu que “o processo de recuperação do mercado de trabalho observado nos últimos anos tem se apoiado primordialmente no setor informal, diferentemente do que foi observado no ciclo de expansão que precedeu a última recessão”.
“O movimento pode estar associado não apenas ao gradualismo que caracteriza a retomada da atividade econômica, mas também a fatores tecnológicos que ampliaram as possibilidades de se ofertar trabalho autonomamente”. O diretor de Política Econômica do BC, Fabio Kanczuk, afirmou que o avanço da tecnologia, como desenvolvimento por exemplo de aplicativos como do Uber, estimula o setor informal. “Essa recuperação no mercado de trabalho tem se dado por um aumento relativo do setor informal. Uma das atividades é transportes como Uber e outros aplicativos”.
Segundo o BC, entre o quarto trimestre de 2016 e o terceiro trimestre de 2019, o contingente de trabalhadores informais apresentou expressiva elevação (12%), contribuindo com 5 pontos percentuais do aumento de 4,7% da população ocupada.
“A maior parte da contribuição decorreu de aumentos de empregados nos segmentos do setor privado sem carteira e, principalmente, de trabalhadores por conta própria”, explica o BC. Já o emprego formal apresentou queda de 0,4%, nesse período.
Em relação aos rendimentos médios, segundo o relatório, houve incrementos de 4,4% e 4,3% para os trabalhadores formais e informais, respectivamente, interrompendo as tendências observadas na fase anterior. “A massa de rendimentos acumulou alta de 7,5% no período, com a maior parte (4,6 pontos percentuais) repercutindo elevações da população ocupada e do rendimento médio dos trabalhadores informais.”
Em outro estudo, o BC diz que “períodos de contração econômica e recuperação gradual, como o vivenciado pela economia brasileira nos últimos anos, podem provocar aumento da subocupação, saída de pessoas do mercado de trabalho por desalento e entrada de pessoas oferecendo trabalho para complementar a renda domiciliar”.
“Simultaneamente, inovações tecnológicas e alterações da legislação têm contribuído para a flexibilização das relações trabalhistas nos últimos anos”, acrescenta o BC. Os subocupados são aqueles que trabalharam por menos de 40 horas semanais, estavam disponíveis e gostariam de trabalhar por mais horas. Os desalentados são pessoas que gostariam de ter um trabalho e estavam disponíveis para trabalhar, mas não realizaram busca efetiva por trabalho.
Nesse contexto, diz o BC, “medidas mais amplas de subutilização da força de trabalho – comparativamente à usual taxa de desocupação (TD) – ganham relevância para avaliação do nível de ociosidade no mercado de trabalho”. “A evolução recente dos indicadores alternativos sugere retomada mais lenta do mercado de trabalho do que a apontada pela TD [taxa de desocupação], evolução explicada, em parte, pelo aumento dos subocupados”, concluiu.
Vale entrega obras visam reduzir chegada de lama ao Rio Paraopeba
Léo Rodrigues/Agência Brasil
A Vale anunciou a conclusão de obras que vinham sendo realizadas com o objetivo de garantir que, no período chuvoso, o Rio Paraopeba não seja poluído por novos fluxos da lama que vazou após o rompimento da barragem ocorrido em janeiro deste ano em Brumadinho (MG). São diversas estruturas integradas. As construções foram prometidas em junho e vinham sendo finalizadas gradativamente nos últimos meses.
De acordo com a mineradora, elas contribuirão para uma redução significativa da turbidez da água do rio. “Após as primeiras chuvas mais intensas, que aconteceram nos meses de outubro, novembro e começo de dezembro, a avaliação do resultado alcançado até o momento é positiva. As estruturas cumpriram o objetivo conceitual do processo de reduzir o carreamento de sedimentos para o rio”, diz a Vale.
Na tragédia de Brumadinho, 257 pessoas morreram, a maioria empregados da própria mineradora e de empresas terceirizadas que atuavam na mina onde estava a barragem. O Corpo de Bombeiros continua trabalhando na busca por 13 desaparecidos.
As obras incluíram ainda a remoção dos rejeitos em trechos do Rio Paraopeba por meio de dragagem. Todas estas intervenções foram previstas no Plano de Contenção de Rejeitos, apresentado pela Vale aos órgãos públicos após o rompimento da barragem.
Somente entre a barragem que se rompeu e a confluência do Ribeirão Ferro-Carvão com o Rio Paraopeba, foram construídas três grandes estruturas de contenção, sendo duas barreiras hidráulicas filtrantes e um dique, além de 25 pequenas barreiras estabilizantes. Neste trecho, ainda está depositado o maior volume de rejeitos que vazou.
A Vale também implantou uma Estação de Tratamento de Água Fluvial, que entrou em funcionamento em maio. Desde então, cerca de 3 bilhões de litros de água foram captados, tratados e devolvidos ao Rio Paraopeba. Segundo a mineradora, o conjunto de intervenções demandou até o momento cerca de R$ 500 milhões e deve alcançar R$ 1,8 bilhão até 2023.
Estão nos planos também obras em Córrego do Feijão, comunidade de Brumadinho mais afetada na tragédia. A Vale informou que um projeto de requalificação urbana chamado território-parque inclui diversas ações de melhoria da infraestrutura, tais como pavimentação e urbanização de ruas e reformas de casas e estruturas.
São previstas ainda medidas para reativar a economia, desenvolver o turismo local e preservar a memória das vítimas do rompimento. De acordo com a mineradora, o projeto foi elaborado após um processo de escuta que identificou as principais reivindicações da comunidade. “A proposta é que as primeiras obras sejam concluídas e entregues em dezembro de 2020”, diz a Vale.