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Como sair da estagnação?

em Artigos
terça-feira, 30 de julho de 2019

Benedicto Ismael Camargo Dutra (*)

De tanto ver cenas de pessoas fumando, homens e mulheres passaram a achar que fumar seria algo natural, esquecendo de que se trata de uma ação nociva para a saúde.

Esse processo de condicionamento acabou tendo grande aplicação, pois ficou demonstrado que o cérebro vai assimilando tudo o que lhe é mostrado de forma repetida. Atualmente, as comunicações estão empregando com frequência o uso de falsidades e violência com uma frieza jamais imaginada. O que se poderá esperar dessa forma de comunicação?

Se as pessoas não examinarem atentamente tudo que recebem, teremos o caos muito em breve, inclusive na economia onde se fala muito, mas não se apontam as causas reais da estagnação e as soluções adequadas. Cada ser humano deveria dar sua contribuição de acordo com as suas características individuais. Mas as pessoas se acomodaram, não examinam a vida por si mesmos, nem buscam conclusões próprias, refletindo intuitivamente, o que fortaleceria o eu interior.

Com o aumento da indolência, ampliou-se a aceitação de tudo o que era oferecido de fora. Surgiu o produto de massa com hábitos facilmente identificáveis que se revelam através de algoritmos estatísticos. O ser humano tem de reconhecer a importância da reflexão e seguir a lei do movimento certo para não estagnar e enterrar os talentos espirituais. Devemos entender a natureza e suas leis. Quando não observadas, as leis naturais são implacáveis, como a da gravidade.

O que ocorre no plano físico da natureza também ocorre em outras áreas, como no descontrole das dívidas, das contas, do comércio, do dinheiro público, e nos descuidos com a população. A mentira, a falsidade e a ocultação da verdade sempre existiram. O que se espalhava boca a boca e pelo jornal impresso, hoje inunda o ar. Agora vivemos o auge da mentira em tudo na vida. Ainda veremos maior frieza e astúcia na preparação e divulgação das falsas narrativas motivadas pela cobiça dos homens e da geopolítica.

Com o incremento das importações, a produção ficou travada desde os anos 1990. Urge ativar a produção e criar empregos, mas através de atividades úteis e benéficas, melhorando a renda e o consumo. Sem produção, a circulação do dinheiro definha, acarretando estagnação. Com o declínio da produção, os custos ficaram insuportáveis e muitas empresas fecharam as portas.

Alguma ação paliativa é necessária, mas não será suficiente, como simplesmente disponibilizar o dinheiro para as pessoas consumirem. Necessitamos de algo duradouro que dê estabilidade à economia e à vida, senão continuaremos caminhando aos sobressaltos sem sustentabilidade. Os imediatismos geraram a desorganização e decaímos às dificuldades semelhantes às dos anos 1930, mas ficamos sem força para produzir.

Baixar os juros Selic representaria segurar o crescimento da dívida e, enquanto o mundo baixa os juros, não fazer o mesmo serviria para atrair capitais especulativos que promoveriam a valorização do real, mas o caixa do governo com déficits nas contas continuaria no aperto. As nações surgiram de comunidades estáveis formadas por vontade própria de um grupo de indivíduos, com base num território, numa língua, e com aspirações materiais e espirituais.

Com a massificação, isso mudou. As aspirações de progresso material com equilíbrio foram substituídas pela cobiça e guerras, e as espirituais de amplitude universal, por religiões que deram espaço aos sectarismos e fundamentalismos, em vez de se tornarem o solo adequado para o progresso espiritual da humanidade. O espiritualismo inato perdeu força diante do fortalecimento do materialismo egoístico encobridor das causas da decadência.

Tornado politicamente independente em 1822, o Brasil não avançou como poderia se tivesse sido bem administrado. Ainda falta muito para ser uma República digna e humanista. O pessimismo se instalou entre os empresários. As novas gerações desanimam com empregos elementares de baixos salários. Há cerca de 14 milhões de desempregados. A população, que há décadas sofre com a falta de bons rumos para o país, está saindo do torpor e ordeiramente vai pedindo a recuperação e a libertação da desfaçatez e da estagnação moral e econômica.

Precisamos das condições que assegurem mais produção, empregos, renda, educação e progresso real.

(*) – Graduado pela FEA/USP, faz parte do Conselho de Administração do Hotel Transamerica Berrini, realiza palestras sobre qualidade de vida. Coordena os sites (www.vidaeaprendizado.com.br) e (www.library.com.br). E-mail: ([email protected]); Twitter: @bidutra7.