Os desafios da Internet das Coisas no varejoQuando se pensa em Internet das Coisas (IoT), muito se fala no quanto esse ramo da tecnologia vem impactando os negócios e a vida das pessoas em todo o mundo – considerando as características socioeconômicas e o grau de inovação de cada país Luiz Malere (*) Embora o conceito já venha sendo disseminado há algum tempo, inclusive na mídia, ele ainda é carente de massificação de sua presença para que, finalmente, se torne algo comum em nosso cotidiano. Em plena era da transformação digital, uma massa considerável de dados é gerada diariamente, permitindo que as empresas consigam extrair informações valiosas para que assim consigam tomar melhores decisões para seus negócios e, de alguma maneira, melhorar as nossas vidas. Esse ativo digital é a base para que a IoT se mantenha em constante evolução. Isto só foi possível graças aos avanços obtidos em diversas áreas nos últimos anos, entre elas a de telecomunicações. Nesse setor, houve uma evolução significativa das redes de conexão, somado ao barateamento de sensores capazes de se comunicar, eliminando assim a necessidade de uma infraestrutura baseada em cabeamento. De lojas, casas e eletrodomésticos conectados, passando por carros autônomos, caminhões recheados de sensores até indústrias em que todos os equipamentos “conversem” entre si, não há limites para as aplicações da IoT. Tudo isso buscando algo que vai além do que víamos nos desenhos dos Jetsons: eficiência na gestão das mais diversas tarefas do nosso dia a dia. Basta imaginar, por exemplo, o leque de possibilidades que a Internet das Coisas pode proporcionar no setor de varejo. Se até pouco tempo nem sempre era possível prever os caminhos que os consumidores tomariam até efetuar uma compra, hoje a situação é bem diferente. Antes de tomar uma decisão, eles realizam pesquisas na internet, acessam o site da loja para estudar as características do produto e buscam opiniões de outros clientes em fóruns de discussão e redes sociais. Tudo isso gera uma volume contínuo e crescente dados que são um prato cheio para qualquer profissional de marketing que queira traçar um perfil detalhado de cada cliente e, dessa forma, influenciar em sua experiência de compra e aumentar a taxa de conversão. Tal influência pode resultar na oferta de campanhas personalizadas ou melhorias no atendimento. A avaliação de informações obtidas em mapas de calor das lojas físicas e os dados coletados ao longo da jornada digital favorecem o disparo de campanhas ou a designação de um consultor para apoiar o cliente na decisão de compra. A possibilidade de tratar eventos no momento de sua ocorrência traz benefícios muito relevantes para o negócio, como monitorar a movimentação dos clientes e a entrada ou saída de produtos das gôndolas, facilitando e muito o controle do estoque – automatizado, é claro. Sabemos, porém, que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que o varejo e outros setores tirem proveito máximo das vantagens da Internet das Coisas. São muitos os desafios, e isso inclui, por exemplo, maiores investimentos em infraestrutura, para facilitar e acelerar a integração entre os dispositivos. São muitos e cada vez mais complexos os ambientes de TI atualmente existentes nas empresas, e justamente por isso é necessário explorar novas formas de conexão, cada vez mais velozes para lidar com o aumento contínuo do volume de dados. No caso do Brasil, especificamente, o mercado demanda ainda uma mudança cultural que ajude a acelerar o processo de imersão nessa tecnologia. É certo que a IoT se desenvolverá de tal forma que, em poucos anos, ela passará a ser vista como algo natural, além de um importante fator para a definição de novas estratégias de negócios. O momento agora é de planejamento para uma nova percepção que a internet passará a ter em nossas vidas, consolidando o que há tempos estamos chamando de transformação digital. (*) É consultor de Pré-vendas do SAS Brasil. | |