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Especialistas debatem soluções tecnológicas para ajudar o agronegócio

em Especial
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
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Especialistas debatem soluções tecnológicas para ajudar o agronegócio

O avanço tecnológico que impacta todos os setores da economia tem produzido mudanças também no agronegócio

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Foto: Reprodução

“Falamos de tecnologias, mas precisamos pensar como transformar essa conectividade do campo em algo palpável, que ofereça informações de forma simples”.

Carolina Gonçalves/ Agência Brasil

Responsável por um quarto de toda a riqueza gerada no país, esse setor tem convivido cada vez mais com ferramentas que são capazes de tornar mais eficientes os resultados de lavouras e da pecuária.

Mas o Brasil rural ainda depara-se com desafios, como os problemas de conectividade na maior parte do campo e a capacitação dos profissionais que podem utilizar novas ferramentas, como drones e sensores para aumentar a produtividade e reduzir perdas.

Representantes de 15 países estão reunidos desde o início da manhã de onterm (23), em Curitiba, para debater soluções para esses problemas e tentar apontar caminhos que podem funcionar como alternativas para a América do Sul, região considerada o celeiro do mundo. Em sua sexta edição, o Fórum de Agricultura da América do Sul trouxe nomes das principais cadeias produtivas do agronegócio e especialistas em logística e mercado para discutir como usar essas tecnologias para incrementar os resultados do setor.

“Falamos de tecnologias, mas precisamos pensar como transformar essa conectividade do campo em algo palpável, que ofereça informações de forma simples. Precisamos pensar como fazer para o produtor receber, em seu celular, os dados, como um aviso sobre um tipo de praga que pode ameaçar sua lavoura por conta de alta umidade ou do calor”, explicou Sérgio Milani, superintendente da Copel Telecom. A empresa, que é um braço de telecomunicações da Companhia Paranaense de Energia, tem buscado alternativas e serviços complementares para ampliar a conectividade na área rural do estado, segundo ele.

O debate em torno da capacidade de uso dos programas, serviços e tecnologias inerentes aos novos equipamentos usados nos cultivos, por exemplo, dominou grande parte da manhã. A professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do Grupo de Estudo de Agronegócios da instituição, Marta Cristina Majotta-Maistro, alertou que é preciso observar quem são as empresas que estão oferecendo essas tecnologias e quem é o profissional formado para atuar nesse mundo agrotech.

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Foto: Reprodução

 

“Esses startups precisam se diferenciar, conquistar seus clientes. O desafio é quanto dar como suporte aos empreendedores que vão assumir alto risco”, disse, destacando que a própria atividade agropecuária está vulnerável a diversos fatores como o clima. Sobre o perfil de profissionais que estão sendo formados para atuar no campo, a especialista defendeu a multidisciplinaridade. Segundo ela, é cada vez mais frequente nos campus universitários ver jovens com perfil empreendedor dispostos a atuar nesse segmento. “Safra de jovens que estão sendo capacitados para empreender e que não temem as incertezas do campo”, observou.

Marta Cristina alertou, porém, que o Brasil ainda tem, no campo, segundo dados do IBGE, uma população com baixa escolaridade e alto índice de analfabetismo. “É muito frustrante você vir com tecnologia e ver que a pessoa não percebe o tanto que pode ajudá-la”.

O diretor de Novas Tecnologias do governo de Israel, Oded Distel, foi um dos convidados internacionais a apresentar exemplos de inovação. Seu país tem despontado na criação e investimentos em startups voltadas para todas as áreas, desde saúde a educação e agricultura.

Distel defendeu que a inovação está intimamente ligada a uma mudança de mentalidade que, segundo ele, é parte da cultura entre os israelenses. “Essas mudanças que falamos a respeito se encaixam com o DNA de Israel. Obviamente, o suporte do governo tem a ver com isso, mas é muito mais uma questão cultural. Israel vê a inovação em defesa, na área de alimentos e em tudo, como uma necessidade”, disse.

Segundo ele, as questões relacionadas à água e agricultura foram percebidas desde sempre como prioridade no país, que convive com grandes áreas de deserto. “A cada ano temos falta de 45% entre o que tiramos da natureza e o que usamos”, completou. A solução tecnológica para o problema foi a reutilização de 90% de toda água de consumo doméstico para a agricultura e um trabalho de dessalinização que começou há 12 anos “e implica em cerca de 70% do uso da água consumida”. Os debates, que ocorrem na capital paranaense, terminam no início da tarde de hoje (24).

Governo brasileiro pretende proteger produtores de vinho e lácteo

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Foto: Ministério da Agricultura

Às vésperas de tentar fechar um acordo com a Argentina, para avançar, pelo menos no aspecto regional, nas negociações agrícolas Mercosul-União Europeia – que se arrasta há quase 20 anos -, os ministros brasileiros tiveram ontem (23) uma conversa preparatória interministerial. A ideia é encontrar uma saída para proteger produtores de vinhos e lácteos nas trocas na região.

A informação foi confirmada pelo ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que disse que vai se reunir com Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Marcos Jorge (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e Eduardo Guardia (Fazenda). Segundo ele, o encontro definiram a estratégia para uma conversa com autoridades argentinas, que está agendada para hoje (24).

“Da parte agrícola, praticamente falta definição sobre vinhos e lácteos. Não tem uma proposta brasileira, mas os produtores de vinho não têm condições de ingressar em um mercado aberto sem salvaguarda”, defendeu o ministro. O risco, segundo ele, é de que essa cadeia quebre diante da indústria argentina, mais consolidada. Maggi não comentou a intenção do país vizinho em manter uma taxação sobre o açúcar brasileiro.

Na abertura da sexta edição do evento, que ocorre anualmente para discutir os desafios do setor, o ministro voltou a lamentar a perda brasileira da venda de carne suína para a Rússia e cobrou responsabilidade das empresas exportadores. Maggi lembrou que o Brasil tem cumprido as regras e trabalhado para a abertura de mercados, mas, lembrou, que a manutenção dessas parcerias comerciais não é do ministério.

“Cabe ao ministério fiscalizar e cabe às empresas a responsabilidade de fazer a coisa certa”, cobrou. No mês passado, a Rússia suspendeu a compra do produto, fechada com a BRF, após detectar a presença de um aditivo não permitido pelo país, a ractopamina, em um carregamento de carne.

“Quando tem alguém no meio do processo que não entendeu que todos somos responsáveis, começamos a ter problema. Fizeram um acordo privado que a iniciativa privada não cumpriu. Não é o governo. O grande desafio na produção de carnes e derivados vem da responsabilidade de cada um de nós. O tempo do jeitinho não existe mais. Se alguém tentar, nós mesmos, produtores e cooperativas, temos que alijar do processo”, advertiu Maggi.

Esta é a sexta edição do Fórum de Agricultura da América do Sul que ocorre na capital paranaense. O tema central dos debates e mesas redondas, que têm uma lista de 40 palestrantes nacionais e internacionais, é discutir o uso de tecnologias no campo que podem impulsionar a produção regional. Entre falas, especialistas reiteraram o papel de celeiro dos países da América Latina e destacaram o momento de tensões comerciais entre grande players, como a que foi trava entre os Estados Unidos e a China. Para muitos, esses impasses podem servir para que o Brasil e outros países da região ganhem mais espaço no comércio global do agronegócio.