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O fim do futurismo

em Opinião
terça-feira, 26 de junho de 2018

Leonardo Barbero (*)

Você sabia que em alguns anos nossas memórias poderão ser substituídas por vídeos ou hologramas?

E que dispositivos inseridos em nossos corpos poderão monitorar nossa saúde e até antecipar eventuais doenças ou alterações, ativando mecanismos de alerta e respostas sem intervenção humana? É o mundo ciberfísico que se aproxima rapidamente, já que nos encontramos em um momento de ruptura devido ao avanço da tecnologia, em geral, e das telecomunicações, em particular.

Chegamos em uma situação em que a tecnologia deixou de ser um “plus” ou algo restrito a certos setores para se transformar em um elemento essencial, de primeira necessidade, e que atravessa de maneira transversal todos os aspectos de nossas vidas. É o fim do futurismo, porque as tecnologias básicas de uma grande transformação já estão praticamente disponíveis. Podemos considerar, por exemplo, a Internet das Coisas (IoT) que muitos ainda veem como algo distante.

De acordo com a Gartner, em apenas dois anos, mais da metade dos processos de negócios e novos sistemas terão algum elemento vinculado a ela. Por outro lado, a quinta geração da tecnologia de transmissão de dados de alta velocidade (5G) é uma realidade, e sua disponibilidade comercial em 2020 será um catalisador de grandes mudanças para todos.

A explosão dos dados digitais de grande volume (Big Data) é algo atual, já vivemos em um mundo focado na informação. Hoje, empresas de todos os tamanhos, e não apenas grandes corporações, podem usar dados para melhorar seus processos, que são realizados de forma cada vez mais automatizada graças à consolidação das plataformas e serviços baseados em nuvem; assim como pela massificação da Inteligência Artificial (IA).

A produção das fábricas em breve será feita massivamente em volumes e tempos exatos tal como a distribuição dos produtos. Na verdade, muitas máquinas, bots ou robôs hoje atuam em áreas de vendas e atendimento ao cliente sem percebermos. Interagimos com máquinas, quer saibamos ou não. E é, precisamente, nossa interação com as máquinas a marca dessa nova era. Atualmente, as organizações não devem apenas “conhecer” o cliente, como era a aspiração de antigamente. Hoje, devem antecipar suas necessidades e decisões.

Todos os dados sobre nós e o que fazemos como consumidores estão disponíveis não apenas para nos venderem mais, mas também para nos atenderem melhor, pois somos e seremos cada vez mais exigentes por causa da mesma tecnologia. O mesmo vale para nossas cidades: serão cada vez mais inteligentes e nos oferecerão mais qualidade de vida. Nelas o meio ambiente tende a estar mais protegido, além de mais monitorado.

Os veículos autônomos são uma realidade e muito em breve os veremos nas ruas, enquanto nossas casas terão cada vez mais dispositivos inteligentes que até conversarão conosco. A realidade virtual e a realidade aumentada são temas dos quais até nossos filhos podem falar. Este mundo focado nos dados também é melhor em áreas coletivas tão importantes quanto a saúde.

Graças a eles, por exemplo, hoje pode se determinar o alcance e a forma de expansão geográfica de uma doença contagiosa ou descobrir como se comportam certas patologias em grupos específicos da população, fomentando uma medicina verdadeiramente preventiva. A própria telemedicina é uma realidade, mas logo a veremos aplicada não só para diagnósticos, mas também para intervenções cirúrgicas remotas, muitas realizadas por robôs, incluindo operações de alta complexidade.

Falamos do fim do futurismo porque tudo isto é real e está disponível hoje. É apenas uma questão de tempo para que tudo comece a se tornar massivo. O prazo não é indefinido ou difuso, é preciso e não ultrapassará dois ou três anos. Vivemos esse momento de ruptura em boa hora, porque podemos desfrutar de uma vida pessoal melhor, um trabalho mais produtivo e menos rotineiro e, com certeza, de mais e melhores negócios.

(*) – É vice-presidente Sênior de Produto & Marketing da América Latina da CenturyLink.