Lucia Camargo Nunes (*)
Com portfólio envelhecido, carros Renault somem das lojas
A Renault retirou de vez de suas ofertas do Sandero, hatch lançado em 2007 no Brasil. Como opção, há o Stepway, nome comercial da versão de visual mais esportivo, que está à venda em três versões: Zen 1.0 manual a R$ 80 mil; Zen 1.6 manual a R$ 101.890 e a Iconic 1.6 CVT por R$ 113.340.
Outro que saiu “à francesa” é o SUV Captur. Com problemas de peças, afetadas pela crise da guerra da Ucrânia, o SUV teve problemas de produção em 2022. Até fevereiro foram apenas 58 unidades licenciadas.
O Captur em única versão custa R$ 142.990 no site da marca. Nas lojas não há unidades do carro à venda, apenas por assinatura. Mas ao entrar no programa Renault on Demand e escolher o SUV, por 48 mensalidades de R$ 3.659, há uma estimativa de entrega do carro em 201 dias, ou seja, ele não existe.
O sedã Logan também continua à venda, embora com baixo desempenho. No trimestre, teve apenas 580 unidades emplacadas. São duas versões com motor 1.0 de 82 cv: Life a R$ 89.560 e Zen por R$ 92.960.
Um SUV compacto, já anunciado pela marca, pode chegar ainda este ano trazendo também uma inédita motorização 1.0 turbo, ambos fabricados no Brasil.
A ideia da montadora é oferecer mais produtos Renault e menos Dacia (marca romena, de modelos de menor custo, que tem no portfólio Kwid, Stepway, Logan, Oroch e Duster, ou seja, toda sua gama hoje).
Vendas sobem, mas com a mão do CNPJ
Com um empurrãozinho das locadoras, o primeiro trimestre de 2023 foi superior em 16,3% sobre o mesmo período de 2022 nas vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, com 471,6 mil veículos emplacados.
Os números positivos omitem, contudo, preocupações da indústria: paralisações de linhas de montagem em março e abril por falta de semicondutores, freio na demanda e altos juros que restringem o crédito.
O crescimento de março, de 53% sobre fevereiro, mascara também que boa parte dos licenciamentos foi destinada às vendas diretas, enquanto o varejo amarga baixas vendas e até as sumidas promoções.
Entre os modelos mais vendidos, a Chevrolet, após superar o Hyundai HB20, volta a encostar na soberania da Fiat Strada, com seus modelos Onix e Onix Plus e também o SUV Tracker.
Confira o ranking dos modelos mais vendidos neste primeiro trimestre
Modelo Unidades
1º Fiat Strada | 23.772 |
2º Chevrolet Onix | 21.528 |
3º Chevrolet Onix Plus | 18.392 |
4º Hyundai HB20 | 16.194 |
5º Jeep Compass | 15.556 |
6º Hyundai Creta | 15.424 |
7º Fiat Argo | 14.988 |
8º Fiat Mobi | 14.666 |
9º Chevrolet Tracker | 14.496 |
10º Volkswagen T-Cross | 14.168 |
Fonte: Fenabrave
Transit é o primeiro furgão automático do mercado
Para atender ao segmento de frotas e empresários, a Ford lança a versão automática da Transit. É o primeiro furgão com esse tipo de câmbio no Brasil. Na configuração L3H3, com volume de carga de 12,4 m³ e capacidade de carga de 1.151 kg, a Transit custa R$ 274.500
A nova transmissão automática de 10 velocidades, com opção de trocas manuais, entrega mais conforto e comodidade aos motoristas, que podem dirigir o furgão com CNH categoria B. Traz ainda câmera de ré, sensor de estacionamento, ar-condicionado, multimídia com tela de 8” com conectividade via Android Auto e Apple Car Play e banco do motorista com ajuste de altura e lombar, entre outros.
Junto com as novidades da Transit, a montadora apresentou o serviço Ford Pro, uma estrutura que vai desde a compra à revenda, voltado à produtividade.
Com uma área dedicada ao monitoramento e conectividade integrada de fábrica, a Ford faz a gestão de dados do veículo e consegue antecipar potenciais ocorrências e evitar que o veículo pare ou tenha um dano mais severo e oneroso para o cliente, que acompanha online através do aplicativo os parâmetros de sua frota.
Banco Mercedes celebra bons resultados
O segmento de veículos comerciais é totalmente sensível ao crédito. Aproveitando ser um ano de antecipação de compras, com a mudança de legislação de emissões de pesados de Euro 5 para Euro 6, o Banco Mercedes-Benz celebra os bons resultados de 2022, com crescimento de 35% em carteira sobre 2021.
A presidente e CEO do Banco Mercedes-Benz, Hilke Janssen, destaca que o diferencial em relação aos bancos comerciais é apoiar o cliente. “Temos de desenvolver soluções integradas para, justamente, ajudá-los nesses momentos de crise”, referindo-se aos atuais desafios de cenário de juros altos e inflação.
A executiva também aposta na continuidade de bom desempenho em 2023, com as oportunidades do agronegócio, infraestrutura e renovação de frota para impulsionar a venda de caminhões.
(*) É economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br e do canal @viadigitalmotors no YouTube. E-mail: [email protected]