Vivaldo José Breternitz (*)
O uso de uma ferramenta de inteligência artificial que lê e interpreta radiografias de tórax, sem a supervisão de um radiologista, acaba de ser autorizado pela União Europeia.
A ferramenta foi desenvolvida por uma empresa chamada Oxipit e autorização dada pela União Europeia pode ser considerado um marco na área, embora tenha despertado controvérsias, já que alguns radiologistas passaram os últimos anos lutando contra a automação total de partes de seu trabalho.
Organizações profissionais se manifestaram contra a ideia: em 2020 o American College of Radiology e a Radiological Society of North America, logo após a realização de um workshop da FDA (Food and Drug Administration) sobre uso inteligência artificial em imagens médicas, disseram que a IA não estava pronta para uso sem supervisão de um radiologista.
A nova IA, chamada ChestLink, analisa radiografias de tórax e envia automaticamente relatórios acerca das quais não encontra anormalidades; quaisquer imagens que a ferramenta julgar que apresentam problemas, são enviadas a um radiologista para revisão. Como a maioria absoluta dos raios-X não apresenta problemas, o uso da IA pode tornar mais eficiente o atendimento, especialmente o mais básico.
A Oxipit busca agora a aprovação da FDA, considerada mais difícil, por serem exigidos mais testes. A FDA já liberou dispositivos similares anteriormente, o primeiro deles em 2018, uma IA que pode detectar problemas oculares relacionados ao diabetes, e que fora aprovada pela União Europeia em 2013.
Apesar das resistências, principalmente as geradas pelo corporativismo, fica a esperança que IA possa, cada vez mais, estar presente na luta pela saúde.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT