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União Europeia fixará normas rígidas para baterias

em Tecnologia
segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Preocupada com os impactos ambientais causados pelo uso cada vez maior de baterias, a União Europeia está elaborando um novo conjunto de regras com o objetivo de tornar as baterias ali usadas mais sustentáveis ​​e reutilizáveis

Vivaldo José Breternitz (*)

As regras abrangerão todo o ciclo de vida da bateria, desde a extração de matérias primas para produção até o descarte. Elas se aplicarão a todos os tipos de baterias vendidas na UE, desde as pequenas usadas em dispositivos eletrônicos portáteis até aquelas usadas na indústria e em veículos elétricos de todos os portes.

Essas regras são um passo importante para se atingir as metas da UE em termos ambientais, mas devem trazer uma série de desafios para os fabricantes – especialmente no caso das baterias a serem utilizadas por produtos das indústrias de eletrônicos de consumo e automotivas.

Esses desafios estão ligados nas exigências de que os fabricantes estabeleçam e sigam políticas que considerem os riscos sociais e ambientais relacionados à extração, processamento e comércio das matérias-primas utilizadas na fabricação das baterias. Também haverá exigências quanto aos níveis mínimos de utilização de materiais reciclados: 16% de cobalto, 85% de chumbo, 6% de lítio e 6% de níquel.

A UE também está estabelecendo metas ambiciosas para coleta e reciclagem de aparelhos eletrônicos descartados: em 2023 a meta é de 45% e 73% até 2030. No caso dos veículos elétricos, pretende-se reciclar 100% dos veículos descartados, com atenção especial para suas baterias.

Tudo isso gera desafios para os envolvidos, especialmente quanto à revisão de cadeias de suprimentos e de processos, bem como o estabelecimento de parcerias entre fabricantes e recicladores.

Outro ponto importante refere-se à obrigatoriedade que os dispositivos portáteis possam ter suas baterias removidas facilmente pelos usuários; isso ameaça as práticas atuais de algumas das principais marcas de eletrônicos de consumo, como Apple e Samsung, pois a grande maioria dos smartphones e laptops atualmente no mercado vem com baterias não removíveis — o argumento é que esse design permite o desenvolvimento de produtos mais finos e duráveis. Em casos de falha da bateria, os consumidores são encaminhados para lojas especializadas onde o reparo ou substituição é feito por um técnico.

As novas regras, juntamente com a implementação na UE do “direito de consertar”, não apenas significariam menos lucros para os fabricantes com a prestação de serviços de manutenção, mas também a necessidade de que as empresas repensem o design de seus produtos.

A implementação das novas regras depende ainda da aprovação final pelo Parlamento e pelo Conselho Europeu, mas se isso ocorrer será estabelecido um alto padrão ecológico para o mercado global de baterias.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.