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União Europeia entra na corrida pela produção de chips

em Tecnologia
sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O governo alemão vai conceder um incentivo de $ 5 bilhões para que a taiwanesa TSMC, a maior fabricante de chips de todo o mundo, instale em Dresden sua primeira fábrica na Europa.

Vivaldo José Breternitz (*)

Batizada de European Semiconductor Manufacturing Company (ESMC), a fábrica é uma joint venture entre TSMC, a holandesa NXP e as alemãs Bosch e Infineon. A TSMC possuirá 70% da fábrica, enquanto as demais empresas, também fabricantes de chips, terão cada um uma participação de 10%.

A ajuda estatal visa aumentar a participação da União Europeia na produção global de chips para 20% até 2030. O dinheiro concedido pelo governo alemão é cerca de metade dos mais de $ 10 bilhões necessários à construção da fábrica.

Os europeus estão preocupados com eventuais ataques da China a Taiwan, que podem prejudicar a cadeia global de suprimentos de chips, procurando agora tornarem-se menos dependentes de componentes importados de regiões eventualmente atingidas por conflitos.

A fábrica utilizará tecnologia que atualmente não existe na União Europeia. A ESMC fornecerá chips de alto desempenho, esperando-se que atinja plena capacidade operacional até 2029, fornecendo chips para aplicações automotivas e industriais. Evidentemente outras aplicações, como as de natureza militar devem ser atendidas, embora isso não se torne público.

Atrair gigantes da tecnologia global para a União Europeia, através de incentivos financeiros e regulamentação favorável, é uma parte crucial da estratégia da UE para aumentar a produção doméstica de chips e dispositivos assemelhados. Além da TSMC, a Intel também se comprometeu a construir uma mega fábrica de $ 30 bilhões na Alemanha, para produzir chips avançados. Se o plano for adiante — o que não é garantido, dado os recentes problemas financeiros da empresa — a fábrica fornecerá chips para aplicações de inteligência artificial e computação de alto desempenho.

Mas, em meio à feroz competição global e a um cenário geopolítico cada vez mais instável, não está claro se a União Europeia atingirá suas metas – mas ao menos, tentativas estão sendo feitas.

Enquanto isso, aqui no Brasil seguimos produzindo chips extremamente simples, de baixo valor agregado, apesar de ter sido aprovado no Congresso, em 21 de agosto passado, um projeto que estimula o investimento em pesquisa e inovação, agregando tecnologia e valor à produção nacional de chips – se isso vai trazer qualquer efeito prático, só o tempo dirá.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].