Elon Musk comprou o Twitter, disse que ele passará a ser uma plataforma onde todos poderão expor suas opiniões sem muitas restrições, demitiu a metade dos funcionários da empresa e tem dito estar preparando mudanças que tornarão o aplicativo muito mais atraente para seus usuários, consequentemente aumentando seu faturamento.
Vivaldo José Breternitz (*)
Até agora, os resultados de tudo isso não parecem muito positivos, pois tem se observado um êxodo de usuários e anunciantes, o que gerou, segundo Musk, uma queda maciça na receita do Twitter.
Grandes anunciantes, como GM, Audi, Pfizer, United Airlines e Volkswagen já suspenderam seus anúncios na plataforma, e segundo o New York Times, a IPG, uma das maiores empresas de marketing e publicidade do mundo, recomendou aos seus clientes providências semelhantes.
Também grupos de direitos civis, como a NAACP – National Association for the Advancement of Colored People – estão pedindo um boicote de anunciantes ao Twitter, dizendo que é imoral, perigoso e altamente prejudicial à democracia que anunciantes financiem uma plataforma que alimente discursos de ódio e teorias da conspiração. Essa afirmação faz sentido, pois ao que consta, todos os funcionários que tratavam de assuntos ligados a direitos humanos foram demitidos.
A retração dos anunciantes mostra a rapidez com que o negócio de anúncios do Twitter se deteriorou sob Musk – pois há apenas uma semana Musk tentou tranquilizar o mercado dizendo que não queria transformar a plataforma em uma “paisagem infernal” – visivelmente não obteve êxito.
O Twitter registrou um aumento significativo em postagens com discurso de ódio e insultos raciais imediatamente após a notícia da aquisição da empresa por Musk, tendo o chefe de segurança da empresa dito na ocasião que isso se devia a uma campanha organizada de trolagem visando atingir a imagem do aplicativo.
No final da semana passada, Musk culpou ativistas pela queda na receita publicitária acusando-os de estarem pressionando os anunciantes, apesar de, segundo ele, nada ter mudado em termos de moderação de conteúdo.
Está se iniciando uma nova novela Twitter, onde Musk, ao que parece, é o grande vilão.
(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.