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Trump às voltas com a lei

em Tecnologia
terça-feira, 30 de agosto de 2022

Falando à CNN, Michael Cohen, que foi advogado pessoal do ex-presidente Trump, disse acreditar que este levou ilegalmente documentos ultrassecretos para sua casa em Mar-a-Lago para usá-los como moeda de troca caso corresse o risco de ser preso – recentemente, o FBI entrou na casa e apreendeu esses documentos.

Vivaldo José Breternitz (*)

Cohen é uma figura interessante: foi advogado e confidente de Trump por uma década. Em 2018 disse ao FBI ter feito pagamentos ilegais à atriz de filmes pornográficos Stormy Daniels para que essa não falasse sobre um relacionamento que havia mantido com Trump.

O caso levou Cohen a se declarar culpado de crimes como evasão fiscal, violação de regras de financiamento de campanhas e fraude bancária, tendo sido condenado a três anos de prisão, sendo libertado após alguns meses pela Suprema Corte de Nova York.

Cohen disse acreditar que caso estivesse na iminência de ser preso, Trump diria que seus apoiadores poderiam divulgar documentos cujo conteúdo colocaria em risco a segurança nacional, como a localização das plataformas de lançamento de armas nucleares, por exemplo.

Ao executar o mandado de busca no início deste mês, o FBI apreendeu onze conjuntos de documentos classificados – alguns dos quais foram marcados como ultrassecretos e relacionados a armas nucleares. De acordo com o mandado, o Departamento de Justiça está investigando se Trump violou leis federais, incluindo a Lei de Espionagem (Espionage Act), o que poderá trazer-lhe uma sentença de dez anos de prisão.

Trump negou todas as irregularidades, mas Cohen manifestou sua alegria por ver Trump ser investigado. Também jogou mais lenha na fogueira, ao afirmar que alguém próximo a Trump havia informado o FBI acerca do desvio dos documentos, dizendo suspeitar de um dos filhos do ex-presidente e de seu genro, Jared Kushner e especulou que o próximo passo de Trump no caso será a busca de um bode expiatório, provavelmente Rudy Giuliani, outro ex advogado pessoal de Trump e antigo prefeito de Nova York.

Comentando o caso, um porta-voz de Trump disse: “Michael Cohen é um criminoso, julgado culpado de quase uma dúzia de acusações, incluindo mentir para um comitê do Congresso, o que o torna o convidado perfeito para a CNN”.

Alguns analistas acreditam ser possível que o caso leve a opinião pública a considerar Trump uma vítima do governo Biden, tornando-o um forte candidato às próximas eleições presidenciais americanas – isso, evidentemente, se não for condenado antes.

(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.