Em meio ao ritmo vertiginoso da inovação tecnológica, muitas empresas se sentem pressionadas a adotar novas ferramentas e tendências sem, antes, entender claramente seus problemas. É como utilizar óculos de sol à noite: a ferramenta está disponível, mas sua utilidade é questionável. A democratização da inteligência artificial (IA), por exemplo, é um marco importante, mas deve ser tratada com cautela. Implementar IA apenas porque está na moda, sem alinhá-la às necessidades reais da organização, é uma armadilha comum que pode gerar desperdício de recursos e esforços.
Para aproveitar o verdadeiro potencial da tecnologia, é essencial ir além da euforia gerada por inovações e entender como elas podem impactar o cotidiano da empresa. O ponto de partida deve ser sempre a dor real – os desafios operacionais, os gargalos nos processos e as áreas onde os resultados podem ser otimizados. Somente com essa clareza é possível desenhar uma estratégia tecnológica que faça sentido.
A estrutura organizacional também precisa estar preparada para lidar com essas inovações. Contar com equipes multidisciplinares, adotar processos ágeis e fomentar uma cultura orientada a dados são passos fundamentais para garantir que as decisões sobre tecnologia estejam fundamentadas em fatos e nas necessidades reais da empresa, e não apenas em modismos ou pressões do mercado.
É importante lembrar que a tecnologia, por mais avançada que seja, é uma ferramenta. E, como qualquer ferramenta, só será eficaz se for aplicada na solução de um problema específico. Ignorar essa premissa é o equivalente a trocar a carroceria de um carro cujo motor está fundido: a aparência pode até melhorar, mas o problema essencial continua lá, sem solução.
Enquanto as inovações tecnológicas avançam em um ritmo frenético, as dores das empresas muitas vezes permanecem as mesmas. E é justamente aí que entra o papel estratégico de líderes e gestores: identificar essas dores e aplicar a tecnologia de forma cirúrgica, para que ela realmente faça a diferença. A implementação de soluções tecnológicas deve ser vista como um processo estratégico, não apenas uma resposta automática à evolução digital. Só assim será possível transformar o potencial tecnológico em negócios mais eficientes, competitivos e preparados para os desafios futuros.
(Fonte: João Aquino, executivo de TI da Algar Tech CX).