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Tecnologia 18 a 21/11/2017

em Tecnologia
sexta-feira, 17 de novembro de 2017
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Por que o Canadá se Tornou a Meca da Inteligência Artificial?

(E o que o Brasil tem a ver com isso?)

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Salomão Filho (*)

Uma nova onda vem rapidamente tomando conta do ecossistema global de startups, atraindo pesados investimentos do capital de risco e abrindo uma nova frente de batalha entre as grandes empresas de tecnologia e de outros setores. Na briga estão gigantes como Google, Apple, Uber, Samsung, Amazon, Facebook, Microsoft, Baidu, Twitter, Intel, Ford, GE e IBM.

A noiva da vez é a Inteligência Artificial, considerada a próxima grande revolução tecnológica e que será o alicerce de uma nova geração de startups programadas par atuar em indústrias tão distintas quanto saúde, finanças, construção, transporte, educação, agricultura e varejo.

De acordo com pesquisa da CB Insights, mais de 250 empresas que desenvolveram e utilizam programas de Inteligência Artificial em diferentes áreas foram adquiridas desde 2012, 37 delas somente no primeiro trimestre deste ano.

Para ter uma ideia do apetite do Corporate Venture por startups de IA, entre as maiores negociações deste ano está a compra pela Ford da Argo AI, desenvolvedora de softwares de machine learning para veículos autônomos, por nada menos que US$ 1 bilhão. O Google tem demonstrado a maior voracidade, com 12 aquisições desde 2012, entre elas a britânica DeepMind por cerca de US$ 600 milhões.

O tsunami de investimentos na próxima fronteira tecnológica colocou no cenário novos mercados internacionais interessados em fomentar o desenvolvimento de algoritmos que serão os motores das empresas de tecnologia do Vale do Silício, Europa, China, Israel, Índia e outros países que até aqui lideraram a inovação e a construção da economia digital.

Um país, em particular, já fez e continuará fazendo história para se consolidar como o epicentro da Inteligência Artificial: o Canadá. De acordo com relatório da PwC Canadá, as empresas de inteligência artificial canadenses receberam um volume de investimento recorde nos 3 primeiros trimestres deste ano, somando US$ 244 milhões em 22 aportes.

O despertar desta nova potência tecnológica é resultado de um bem arquitetado plano conjunto que envolve o Governo, as universidades, empresas, investidores e empreendedores canadenses. O objetivo é colocar o país na liderança em pesquisa e desenvolvimento de empresas e talentos preparados para trabalhar em áreas como deep learning, machine learning, redes neurais e natural language processing.

O Canadá tem um forte DNA em Inteligência Artificial e não é exagero dizer que reúne a maior concentração mundial de pesquisadores independentes sobre IA. Basicamente, as tecnologias que permitiram o desenvolvimento das aplicações de IA foram inventadas nos laboratórios das universidades canadenses.

São crânios como Geoffrey Hinton, cientista do Google, PHD e professor de ciência da computação da Universidade de Toronto, um dos pioneiros no treinamento de redes neurais. Outra celebridade na área é Yoshua Bengio, da McGill University, apontado como um dos “pais” da tecnologia de deep learning e que hoje comanda o Montreal Institute for Learning Algorithms, além de ter sido convidado pela Samsung para abrir um laboratório na Universidade de Montreal que irá desenvolver algoritmos para reconhecimento de voz e imagem, robótica, direção autônoma e traduções. Bengio ajudou também a criar um poderoso ecossistema que inclui ainda o Institute for Data Valorisation (IVADO) e a Element AI, uma fábrica de startups de IA.

Além de ter uma safra fértil de pesquisadores, professores e profissionais, o Governo canadense abre portas para imigrantes interessados em trabalhar no país com tecnologia. Mais ainda, direciona polpudos recursos para apoiar o desenvolvimento da nova indústria da IA e coloca em práticas iniciativas que fortaleçam e coloquem o país na dianteira mantendo os melhores profissionais em casa.

Uma delas é o Vector Institute, que tem como desafio estimular a formação de talentos, a pesquisa e o desenvolvimento do futuro da IA. O Instituto nasceu com investimentos de US$ 100 milhões feitos pelo próprio Governo e mais US$ 80 milhões de empresas patrocinadoras. O Vector Institute terá o apoio do Canadian Institute for Advanced Research (CIFAR), que tem um orçamento este ano de US$ 125 milhões para lançar o programa batizado “Pan-Canadian Artificial Intelligence Strategy”.

A ideia é reter no País talentos que hoje são disputados e assediados por empresas como Google, Apple, Facebook e Microsoft. A propósito, em um movimento contrário, o ambiente próspero do Canadá para evolução da IA tem levado estas mesmas empresas a montar QGs em cidades como Montreal, Toronto e Edmonton.

O último a chegar foi o Facebook, que terá um laboratório em Montreal sob o comando da professora Joelle Pineau, da McGill University. A empresa de Zuckerberg tem na IA seu principal sustentáculo e seu futuro depende essencialmente do desenvolvimento de novas tecnologias como robótica, reinforcement learning e sistemas de reconhecimento de voz. Mesmo caso do Google, da Microsoft, do Uber, da Samsung e tantas outras ‘techie companies’ que também já inauguraram centros de pesquisa em IA no País em parcerias com universidades canadenses.

E o Brasil? Que lições (e oportunidades) podemos tirar do Canadá?
Por aqui, estamos dando nossos primeiros e importantes passos na criação de startups de Inteligência Artificial. A conexão com mercados como o Canadá é essencial para estar na curva da inovação e aprender com os melhores cientistas em IA do mundo.

Tenho acompanhado de perto estas grandes transformações como sócio da Stradigi, que inaugurou recentemente em Montreal o Stradigi Labs. O laboratório será comandado por Carolina Bessega, uma astrofísica com participação em diversos projetos internacionais de IA e profundo conhecimento em temas como machine learning, computer vision, natural language processing e redes neurais.

A Propulse, empresa de reconhecimento de imagem para e-commerce, nasceu na Stradigi Labs quando tínhamos 2 PHDs. Hoje temos 22 e 28 em processo de contratação vindos do mundo inteiro – Argentina, Venezuela, Irã, Brasil, França, Índia e do próprio Canadá.

O crescimento da equipe visa atender nosso novo laboratório, que terá como foco desenvolver soluções de machine learning nas áreas de saúde e esportes, nas quais já temos projetos em andamento. Nossa visão será apoiar negócios a desenvolver e adotar tecnologias de IA para resolver problemas complexos e melhorar seus resultados financeiros.

O cenário da IA no Canadá não está restrito às grandes da tecnologia. Bem ao contrário, há uma leva cada vez maior de startups focadas em criar soluções para as mais diversas aplicações. A oferta de talentos é farta, os investimentos crescentes e o forte envolvimento com o universo acadêmico são combustíveis que abrem muitas oportunidades para quem deseja empreender e fazer negócios com empresas do País.

E você? Já pensou em ser um empreendedor brasileiro de Inteligência Artificial? A oportunidade está aí e já deixou de ser tendência. Não custa lembrar: em tecnologia o ontem já é futuro e, no caso da IA, as máquinas estão aprendendo rápido. Quem dominá-las provavelmente será a próxima empresa mais valiosa do planeta. Duvida?

(*) Salomão Filho é investidor em startups de tecnologia e diretor e sócio da Propulse Analytics, empresa de tecnologia em Inteligência Artificial que desenvolveu uma ferramenta de previsão de compras para e-commerce.

Celular na Sala de Aula?

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Que tal fazer uma experiência e usar o celular como recurso pedagógico em sala de aula? Sabemos que esse recurso já está incorporado à rotina dos alunos. Basta avaliar o comportamento da nova geração no acesso e uso das tecnologias digitais de informação e comunicação. Para o professor, com um planejamento bem elaborado e com objetivos claros e definidos, esse recurso tende a potencializar ainda mais avanços na aprendizagem.
No último dia 6 de novembro, foi sancionada a lei que libera o uso dos celulares para atividades pedagógicas, orientadas por professores, nas escolas de ensino fundamental e médio da rede estadual de Ensino do Estado de São Paulo. Vale esclarecer que a autorização para o uso do celular não alterará a forma de aprendizagem, pois ele deve ser um complemento no desenvolvimento das atividades em sala de aula e, desta forma, potencializar novas formas de acesso aos conteúdos e assim, novos conhecimentos.
A Cetic (Centro Regional para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação) apresentou e confirmou em sua última pesquisa, TIC Kids Online Brasil, a tendência de crescimento no uso de dispositivos móveis por crianças e adolescentes para acessar a Internet – em 2016, 91% (22 milhões) acessaram a Internet pelo celular. Recentemente a FGV (Fundação Getúlio Vargas) também divulgou pesquisa revelando a estimativa de que no Brasil, até o final de 2017, haverá um smartphone por habitante.
Trabalhar com o celular em sala de aula faz parte de uma política adotada em muitas escolas, conhecida como BYOD – Bring Your Own Device – traduzida como “traga seu próprio dispositivo”, na qual é possível trabalhar com os recursos trazidos por alunos e professores, sejam celulares, tablets, entre outros, alinhando-os ao contexto de cada atividade, despertando o interesse pelo conteúdo desenvolvido.
O engajamento passa a ser dos gestores, professores e alunos em assumir o desafio e o gerenciamento, no sentido de que podem, sim, trabalhar juntos para que práticas inovadoras sejam sempre integradas aos conteúdos e encontrem a melhor forma para que a permissão do uso do celular realmente faça sentido em relação à aprendizagem. Além de proporcionar informação a qualquer hora e em qualquer lugar, o celular permite usar aplicativos educacionais, possibilita a conexão com os colegas da turma para criação de narrativas colaborativas e a criação de conteúdos, tanto dentro quanto fora da sala de aula, com vídeos, fotos, GPS, redes sociais e uma infinidade de possibilidades pedagógicas e por meio da tecnologia.

(Fonte: Karen Andrade é Consultora em Tecnologia Educacional da Planneta, empresa do grupo Vitae Brasil (www.vitaebrasil.com.br); graduada em Processamento de Dados, pós-graduada em Computação Aplicada e pós-graduanda em Educação e Tecnologia pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar; com experiência em trabalhos relacionados à Educação e Tecnologia Educacional. Contato: [email protected].)

Tecnologia e relacionamento

Carlos Alberto de Moraes Borges (*)

Os próximos dez anos serão o período mais transformador da história da humanidade em termos de evolução tecnológica

Teremos o privilégio de participar desse processo como observadores, protagonistas, a maioria de nós tentando se adaptar e sobreviver. A velocidade da mudança, que é avassaladora, irá aumentar e precisaremos de inteligência emocional e equilíbrio para lidar com tudo isso.
O que antes pareciam devaneios poéticos e de ficção científica, como a inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, armazenamento de energia, aperfeiçoamento do corpo humano, tecnologia espacial, neuroergonomia, entre outros, hoje são realidade e, daqui para frente, nos afetarão cada vez mais.
Alguns exemplos presentes na mídia e em muitos eventos são: veículos sem motorista; produção de comida robotizada; impressão 3D na construção civil e em inúmeras áreas da atividade humana – em breve, teremos em casa uma impressora 3D; a robotização da força de trabalho, com o desaparecimento de atividades profissionais simples, perigosas e repetitivas; a construção de um elevador espacial, cuja inauguração está prevista para 2050, conforme divulgado no site da Obayashi Corp; a terapia dos telômeros para aumentar a longevidade das pessoas em 24%, prontamente transformado em cápsulas pela TA Sciences; os exoesqueletos biônicos, que ajudarão as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida; e a bioimpressão de órgãos, que revolucionará os transplantes e a medicina.
As tecnologias caminham para a massificação e há cientistas sérios afirmando que o envelhecimento é ‘doença’ a ser resolvida em duas ou três gerações, defendendo a possível imortalidade. Há muitos outros exemplos em todas as áreas do conhecimento humano e, naturalmente, esta incrível evolução tecnológica mudará o nosso comportamento, pois temos dificuldades em absorver tantas mudanças em tão pouco tempo.
Pânico é o sentimento que atinge os empresários nestes tempos contemporâneos, e vem acompanhado de incerteza e da sensação de que algo grande, revolucionário e imediato tem de ser feito, para evitar o risco de todos serem aniquilados por essa onda inexorável.
Atualmente, muitos consultores e palestrantes são catastrofistas e pregam a ‘morte’, caso as empresas não adotem mudanças rápidas. De fato, a mudança é irreversível e seguirá seu rumo velozmente. Contudo, empresários e sociedade não estão condenados, pois existem muitas oportunidades decorrentes deste cenário em todas as áreas. Claro que não será diferente com o setor imobiliário.
Precisamos conhecer as novas tecnologias e tendências, mas, ao mesmo tempo, temos de ficar atentos às muitas oportunidades empresariais e profissionais, que surgirão neste novo universo. Inúmeras atividades desempenhadas por seres humanos serão substituídas por robôs ou outras formas tecnológicas. Porém, atividades dependentes da criatividade, como a arte, e de gestão continuarão a ser feitas por pessoas, com tendência de serem mais valorizadas.
A orquestração da complexa cadeia de valor da construção civil, que mobiliza muitos agentes, demonstra a necessidade de ser conduzida por profissionais cada vez mais capacitados. Até mesmo tecnologias consolidadas como o BIM (Building Information Modeling), que potencializam a qualidade dos projetos, só trazem resultados se existir um ambiente transparente e de compartilhamento de informações entre todos os envolvidos. E a criação de ambientes favoráveis depende de pessoas e não de tecnologias.
Mudanças exigem projetos de comunicação e marketing, atividades que prescindem de bons relacionamentos e boas conversas. E para enfrentar os desafios dessa nova era, organizamos o III Encontro entre Incorporadores e Construtores com o mote “Repensando os relacionamentos para os novos tempos”, evento que acontecerá no dia 5 de dezembro, na sede do Sindicato da Habitação. Afinal, um futuro melhor depende de nós.

(*) É vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP e diretor-presidente da Tarjab.