Modelos de negócios digitais: o caminho da inovaçãoA agilidade de decisão, a capacidade de inovação e o baixo custo de operação de uma startup combinados à disciplina, expertise e à capacidade de entrega de uma megacorporação Alexandre Morais (*) Esse é o principal desafio imposto às organizações atualmente, numa época em que empresas como Uber e Airbnb se destacam, entre outros motivos, por uma efetiva interação B2C, colocando uma pressão significativa sobre os negócios tradicionais de táxis e hotéis. Nesse cenário, é fundamental que os gestores questionem constantemente o status quo e façam da inovação parte de sua cultura organizacional de forma pragmática. Para companhias bem-sucedidas no passado, pode ser mais difícil enxergar a necessidade de combinar o digital a um modelo tradicional de negócios. O processo exige uma mudança significativa da cultura empresarial, mas é absolutamente viável. Várias das abordagens por trás das empresas digitais podem ser aplicadas com sucesso às companhias tradicionais para ajudar a acelerar sua transformação digital, por exemplo: 1. As empresas digitais têm bases de custos mais baixas, flexíveis, concentrados unicamente em custos mínimos de material, Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) ou infraestrutura de escritório. 2. As técnicas de negócios digitais permitem a simplificação do negócio. A digitalização e a automação de processos de negócios ajudam a obter mais produtividade, repetibilidade e redução de custos, levando as empresas tradicionais ao próximo nível de excelência operacional e experiência do cliente. 3. As empresas digitais aprendem rapidamente através de uma cultura de tentativa e erro. Enquanto isso, a aversão ao risco dentro das empresas tradicionais pode dificultar a mudança. No cenário atual, as empresas devem se comportar mais como investidores: devem tentar, experimentar, e falhar rapidamente e com frequência. No entanto, os modelos antigos também têm suas particularidades e vantagens. Muitas interações com clientes digitais dependem de cadeias de fornecimento de ponta a ponta que incorporam relações B2B mais tradicionais, por exemplo. Além disso, os orçamentos de marketing são a grande exceção na comparação de vantagem de custos, já que empresas digitais são mais jovens e muitas vezes o orçamento necessário para publicidade e marketing excede o orçamento da própria implementação e operações. O futuro será das empresas que combinam capacidades existentes com novas técnicas de negócios digitais Nos próximos 3 a 5 anos, o equilíbrio empresarial digital/tradicional será enfim estabelecido e palpável aos consumidores, conforme prevê a publicação Journey 2020, desenvolvida pela Comunidade Científica da Atos na Europa. Muitas indústrias tradicionais sofrerão mudanças regulares de fusões e aquisições com startups para manterem o ritmo de inovação; as fontes de dados serão facilmente adquiridas; os algoritmos obterão um novo valor substancial e os dados em si se tornarão cada vez mais uma commodity. Apenas fornecer o melhor serviço não será mais suficiente: as empresas deverão fornecer a melhor experiência. À medida que os produtos se transformam em serviços, as empresas de commodities se tornarão ecossistemas totalmente automatizados – desde a negociação até a entrega. Por causa do digital, estamos apenas a um microssegundo de distância, todo tipo de interação se aproxima de acontecer em tempo real, além da marginalização de custo, que pode chegar a zero em várias frentes de atividade. Portanto, depois de aprimorados os negócios existentes aplicando princípios digitais, o próximo passo natural será inventar e apresentar os próprios serviços digitais, não apenas inovando, mas reinventando modelos de negócio. Novamente, uma mente aberta é mais do que esperada – É vital. (*) É graduado em Processamento de Dados pela Universidade São Judas Tadeu, e com MBA em Business Management na HEC Paris e Fundação Getúlio Vargas. Atua há mais de 20 anos no setor de Tecnologia da Informação, sendo os últimos seis na empresa Atos América do Sul. Atuou como head de integração de sistemas na Siemens, companhia na qual esteve por 14 anos. Nesta função, foi responsável pelas operações e entregas de integração de sistemas. Atualmente, é head de Transformação Digital e Consulting da Atos América do Sul e SAP da Atos Brasil, sendo responsável pelo gerenciamento de consultoria de TI, incluindo desenvolvimento de negócios, propostas, análise de bid, entregas e profit and loss. Robôs digitais e fake news podem ser armadilhas para empresasAtualmente, as chamadas ‘fake news’ – ou ‘notícias falsas’ – e os robôs digitais – ou ‘bots’ – têm ganhado espaço na internet e podem prejudicar, e muito, uma empresa sem que ela se dê conta do que está acontecendo. De acordo com Bernardo Lorenzo-Fernandez, da consultoria de Inteligência Digital Folks Netnográfica, esta relação merece muita atenção, pois as empresas podem estar jogando dinheiro fora ou arriscando sua imagem sem saber. Mas, o que são fake news e bots? Que fake news não é notícia verdadeira, todo mundo sabe, mas pouca gente sabe que é também um ótimo negócio. São geradas a baixo custo, em alta velocidade, com títulos chamativos, em grande quantidade. “Existem muitas páginas de notícias deste tipo, com alta audiência. Têm aparência de portais noticiosos independentes, podem até ter um editor, sempre com perfil falso. Todas são desenhadas para atrair tráfego. Oferecem espaços de exibição de publicidade a baixo custo e conseguem enganar os otimizadores de mídia. Quando são descobertos, os donos, que são difíceis de identificar, fecham a página imediatamente e abrem outra similar em outro endereço, normalmente fora do Brasil”, explica Lorenzo-Fernandez. Já os robôs são programas que agem de forma autônoma na internet, simulando o comportamento humano. “São perfis falsos nas redes sociais. Bots ficam amigos de outros bots, e também de pessoas reais que não sabem da existência deles. São programados para visitar todo tipo de destino na internet, inclusive os portais de notícias falsas e as redes sociais. Simulam uma multidão de pessoas conversando ou vendo seu anúncio, só que é tudo artificial. Agem freneticamente: tanto para difundir opinião e fake news por meio de massificação (cut/paste), a serviço de algum interessado, que paga os programadores; bem como para inflar as audiências de publicidade, enganando os otimizadores de compra de mídia. ”. Esta avalanche de tráfego falso é chamada de NHT, isto é, tráfego não humano, na sigla em inglês.
| A tecnologia por meio da biometria facialUma câmera de celular, tablet ou notebook e um software. Isso é o suficiente para a utilização da biometria facial, uma nova tecnologia que tem se tornado tendência na identificação de pessoas em diversos setores. Segundo o Biometrics Research Group, principal fonte de notícias, análises e pesquisas sobre o setor de biometria global, em 2012, 25% do mercado de biometria era focado em reconhecimento facial e de voz. Em 2015, esse número subiu para 33%. Para contextualizar, a biometria facial pode ser utilizada em qualquer segmento onde seja necessário a identificação, ou seja, bancos em processos de autenticação, sistemas de saúde e laboratórios para reconhecer o cliente, qualquer empresa que necessite identificar o funcionário (controle de acesso e controle de ponto), aeroportos e empresas aéreas, segurança pública, no setor varejista que necessita saber quem é o cliente para fidelizá-lo, entre outros. Antigamente, essa tecnologia era vista como algo “muito inovador” e as empresas ficavam bem reticentes, principalmente porque era algo visto em filmes e não no dia a dia. Com o passar dos anos, a biometria se tornou uma ferramenta conhecida mundialmente e a resistência a ela diminuiu muito. Costumamos falar que biometria facial já não faz mais parte do futuro, mas sim do presente. Além disso, o que vemos hoje é que o número de pessoas usando smartphones tem aumentado progressivamente e a biometria facial se encaixa perfeitamente como uma solução mobile de fácil utilização para as organizações. As vantagens dessa tecnologia são inúmeras. Primeiramente, podemos destacar a comodidade para quem usa, já que basta ter uma câmera simples, como a de um celular ou webcam, sem que a empresa precise investir em nenhuma aparelhagem específica, o que aumentaria os custos financeiros da implementação desse tipo de tecnologia. Além disso, é um processo difícil de falsificar já que conseguimos detectar o liveness, ou seja, se a face que está fazendo a autenticação é uma foto ou não. Como o conjunto de medições do rosto é único para cada pessoa, outro benefício é a precisão do reconhecimento facial que é sempre muito alta, podendo chegar muito perto dos 100% em alguns softwares disponíveis no mercado. É tão incrível e surpreendente que alguns sistemas conseguem diferenciar até mesmo gêmeos idênticos. Por fim, afirmo que a biometria facial é uma forte aliada em todos os processos de identificação e autenticação de pessoas. O que falta são as empresas conhecerem um pouco mais sobre os benefícios dessa tecnologia e implementá-la em seus negócios. Tenho certeza que todos irão se surpreender com a precisão do reconhecimento de dados. E aí vai ficar fora dessa? (Fonte: José Soares Guerrero é um dos fundadores da FullFace, Startup brasileira que criou um sistema de reconhecimento facial que facilmente se integra a hardwares e softwares facilitando processos de autenticação biométrica facial web e mobile). Ter medo da nuvem é ser contra a boa gestão públicaAldo Mees (*) Uma das melhores formas de se fazer uma gestão pública de qualidade é saber aplicar corretamente os recursos Para isso, os gestores precisam tomar decisões que levem em consideração as necessidades da cidade, o planejamento e as escolhas, que precisam ser corretas e precisas. Eles têm que contar com especialistas para não desperdiçarem os recursos obtidos com o recolhimento de impostos, evitando fazer compras de itens que fogem do foco principal da prefeitura. Quando falamos de investimento em TI, temos que ser ainda mais criteriosos: os computadores ficam desatualizados com relativa rapidez, e podem deixar de serem úteis antes de terem sido pagos. Ao mesmo tempo em que é evidente que o dinheiro público tem que ser tratado com extrema responsabilidade e transparência, algumas cidades podem não estar conseguindo compreender isso. Algumas delas deixam o core business da gestão de lado e gastam com o que já faz pouco ou nenhum sentido. Na iniciativa privada, onde vale a regra de fazer cada vez mais gastando menos, o desejo de migrar para a computação em nuvem (cloud computing, em inglês) até 2020 domina o mindset de 94% dos líderes consultados pela GlobalData. A empresa fez a pesquisa a pedido da multinacional Cisco e ajuda a entender porque plataformas antigas precisam ser substituídas. Ao migrar para a nuvem, as empresas querem deixar de se preocupar (e gastar dinheiro) com o que não é o negócio delas. As maiores companhias do mundo já entenderam isso, e acham um absurdo manter equipes de prontidão, comprar hardware e inserir no orçamento rubricas com imprevistos que podem acontecer. Mas a preocupação não é só essa: elas não querem lidar com a possibilidade de perder todos os dados armazenados nos sistemas se houver um incidente físico, como uma inundação ou um incêndio, por exemplo. Tais preocupações são típicas de quem ainda utiliza uma plataforma desktop, que se caracteriza pela necessidade de aquisição de infraestrutura, acompanhamento técnico constante e investimentos periódicos e de pouco retorno. Muitas cidades brasileiras estão nessa situação: compraram equipamentos, licenças de softwares e mantêm funcionários públicos locais para dar manutenção em sistemas que vão durar, no máximo, cinco anos. Depois disso, dada a baixa escalabilidade, tendem a ter que trocar todo o parque tecnológico ou continuar com uma solução obsoleta. Alguns gestores fazem questão de usar uma solução ultrapassada por pura falta de informação adequada. Optar pela nuvem na gestão pública é demonstrar zelo pelo dinheiro do contribuinte. Esse tipo de tecnologia permite que as cidades tenham sempre a última palavra em qualidade, segurança e eficiência, com sistemas escaláveis e seguros. Mais do que isso: democratiza o acesso às informações públicas, já que a quantidade de usuários externos que podem acessar os sistemas é ilimitada. Uma das diferenças principais é o fato de que, na nuvem, as informações são armazenadas em data centers com segurança reforçada, monitorados por especialistas e atualizados constantemente. Nos sistemas desktop, é comum que todos os dados do município — desde detalhes sobre cada um dos contribuintes até operações financeiras realizadas — fiquem em computadores (servidores) locais, numa sala na própria prefeitura. Se houver um sinistro, como uma enchente, fogo ou um raio, eles podem ser perdidos ou, no mínimo, ficar indisponíveis por um longo período de tempo. O momento de encarar a nuvem como base para melhorar a gestão pública é agora. Só assim os gestores poderão se preocupar com o que realmente importa: o desenvolvimento das cidades e qualidade de vida dos cidadãos que os elegeram. (*) É empresário e diretor-presidente da IPM Sistemas (e-mail: [email protected]) |