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Tecnologia 02/03/2018

em Tecnologia
quinta-feira, 01 de março de 2018
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Cinco dicas para disseminar a inteligência analítica por toda a organização

Qual o papel do CFO na disseminação da inteligência analítica nas organizações? Essa é uma pergunta que temos ouvido bastante em nosso dia a dia e que recentemente discuti com outros profissionais que estão à frente de áreas financeiras em empresas ao redor do mundo

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Phong Lee (*)

Por isso, decidi compartilhar minha visão e a correlação direta entre transparência e rentabilidade, e também a respeito de como a democratização dos dados e adoção de análises e mobilidade são pontos de missão crítica para melhorar a eficiência organizacional.

Tenho total convicção de que as empresas que serão bem sucedidas no futuro são as que utilizam dados para inovar seus processos. Por isso, decidimos beber do nosso próprio champagne e usamos a nossa plataforma de analytics para impulsionar nosso negócio. E os resultados foram positivos. Em 2017, aumentamos a margem operacional de zero para 25%. Embora haja trabalho a ser feito e a jornada continue, acho importante elencar os cincos elementos que embasaram essa estratégia.

1. Prestação de contas
Atribuir responsabilidades e fazer com que todos tenham consciência da importância do seu papel para a organização foi parte importante deste processo. Quando iniciamos nossa jornada para aumentar a lucratividade, tínhamos mais de 200 unidades de negócios com esse objetivo. Reorganizamos as equipes, designamos seus deveres e criamos métricas para as áreas de negócios – desde planejamento, RH, recrutamento e consultoria, suporte técnico e desenvolvimento de produtos. Desmistificamos a questão “eu sou o dono da informação” e incentivamos o compartilhamento. Mais de 40 dashboards, liberados por toda empresa e em dispositivos móveis, trouxeram uma visão geral do que cada um dos níveis hierárquicos estava trazendo de retorno, as obrigações individuais, o cumprimento ou não das métricas, atestando a origem de cada um dos relatórios. Assim, todos passaram a saber como melhorar não só seu desempenho, como também o da empresa como um todo por meio do uso da inteligência analítica.

2. Empoderamento
Ser transparente com nossos líderes e dar autonomia para que tomem decisões sobre a sua área de negócio pode ser vantajoso de diversas maneiras. Abrir, democratizar os dados e incorporar Inteligência analítica faz com que as pessoas sintam-se parte atuante e passem a agir agora e não mais esperarem até amanhã. Então, não se trata de aprimorar apenas a eficiência operacional, mas sim melhorar a agilidade e provocar mudanças na empresa. Acreditamos no poder que decisões mais informadas têm nos resultados das unidades de negócios.

3. Transparência
Levar a inteligência analítica para todos os cantos, além das camadas gerenciais, é também sinônimo de transparência. Trata-se de um conceito razoavelmente novo, surgido há mais ou menos cinco anos, que derruba a teoria de atender, sob demanda, apenas quem tem relação direta com aquele dado ou, o que é pior, guardar a informação para si. Claro que nem toda informação deve ser visível a todos. Mas, para isso usamos critérios e controles de acesso capazes de proteger dados e métricas sensíveis e também configuramos assinaturas dinâmicas para distribuir para as pessoas certas o que é de seu interesse. É preciso levar em consideração que a não abertura das informações, o não compartilhamento e a não democratização com segurança podem fazer com que no futuro próximo você deixe de existir ou tenha que modificar completamente seu negócio.

4. Agilidade
Não basta falar só em empoderamento, transparência e prestação de contas sem fazer uma reviravolta e criar uma estrutura ágil para que essa informação seja consumida. O usuário tem que ter a capacidade de criar e modificar seus próprios relatórios, sem envolver TI, mas também sem comprometer os dados. A decisão de espalhar dashboards em painéis por toda a empresa e mostrar, em tempo real, o que acontece nos negócios, sem dúvida ajudou na busca por melhores resultados, pois abriu espaço para que outras pessoas passassem a dar suas contribuições “out of the box”.

5. Escalabilidade
Nesse processo, aprendemos que o mais importante foi focar na velocidade da implantação, colocar os primeiros passos em prática e aumentar a adesão dos funcionários, ao invés de protelar e aguardar um perfeccionismo na execução. Nossa previsão financeira e orçamento foram desenvolvidos em três meses, incluindo a integração com mais de 10 fontes de dados, implementação de painéis de controle e relatórios em âmbito corporativo, atualizações e melhorias necessárias. Em paralelo, também designamos responsabilidades relacionadas a lucros e perdas, melhorando a qualidade e precisão de dados da nossa organização e permitindo recursos de gestão e desenvolvimento mais efetivos – o que foi um sucesso maior do que imaginávamos.

Em suma, embora muitos CFOs ainda considerem que compartilhar informações esteja atrelado a perda de poder, nossa estratégia de disseminar a inteligência analítica por toda a organização prova o contrário. Melhoramos a rentabilidade e fomos capazes de mover a folha financeira da organização em uma direção positiva, alcançando resultados e conquistando os nossos objetivos sem recursos exaustivos. Compartilhar e prover informação ajuda um CFO a aumentar a sua relevância tanto para os negócios como diante das demais áreas da empresa. E controlar dados não faz mais sentido na era da transformação digital, quando transparência e imediatismo são cruciais.

(*) É CFO da MicroStrategy (Nasdaq: MSTR), líder mundial no fornecimento de plataformas analíticas e software de mobilidade

Mulheres crescem no mercado de TI

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Um estudo recente da CompTIA (2014) indica que, mesmo com a maioria masculina no mercado, ocupando 76% dos cargos de tecnologia, a quantidade de mulheres que se sentem realizadas, reconhecidas e satisfeitas com suas remunerações é superior à dos homens (79% a 70%, 71% a 61% e 71% a 60%, respectivamente). Além disso, 73% das mulheres acreditam que usam suas habilidades e talentos no trabalho, contra 65% dos homens.
No entanto, as mulheres sofrem muitas dificuldades e impedimentos na área. Quantos processos seletivos recusam mulheres com filhos? Quantas insinuações preconceituosas já não ouvimos trabalhando? Acredito que exemplos como Ginni Rometty, CEO da IBM, não ligaram muito para isso; pelo contrário. As mulheres que escolhem trabalhar nesse mercado se comprometem, e pra valer.
E esse fato é histórico. Desde o início da computação, mulheres como Ada King, considerada a primeira programadora da história, estiveram presentes e estimulam profissionais de todo o mundo a estudar e a se profissionalizar nessa área. Grace Hoper, conhecida como criadora da expressão bug após encontrar um inseto dentro de um computador, também é um exemplo — dentre outras inspirações.
Como em qualquer outra área, as mulheres devem escolher e lutar pelos objetivos que desejarem. Os exemplos de ontem são os de hoje e os exemplos de hoje serão os de amanhã, o que vai tornar a presença das mulheres no segmento de TI cada vez mais irreversível. Questionamentos relacionados à falta de mulheres no mercado de tecnologia serão cada vez mais inadequados e sem sentido. O certo a se questionar é: por que ainda existem pessoas que fazem algum tipo de distinção em relação a isso? A tecnologia está avançando, que tal realizarmos um upgrade também?

(Fonte: Jéssica Estillac, Analista de Infraestrutura da DBACorp).

Criptomoedas: do que você está falando?

Thiago Las Casas (*)

Até o final de 2017, toda vez que eu lia algo sobre “Bitcoin” eu imediatamente torcia o nariz, pois não pretendia desperdiçar meu tempo com promessas de ganhos suntuosos e rápidos com zero esforço, pois o limite entre esta proposta sedutora e um “171” fica em linha muito tênue

Por outro lado, “criptomoedas” estavam distantes demais dos meus interesses para aplicar tempo em pesquisas que satisfariam todas as perguntas que eu sempre tive sobre o tema. Mas, o dia para saber mais finalmente chegou, e afirmo: não tem a ver com a valorização de 2017.
Primeiro, foi um artigo de um cliente que tratava do lançamento de uma criptomoeda da Kodak. Como assim uma moeda Kodak? Pensei. Então, no mesmo dia houve uma menção inédita em reunião interna oficial da nossa consultoria e exatos dois dias depois, uma grande amiga disse que queria me apresentar uma pessoa pra falar de Bitcoin. A sincronicidade dos eventos foi suficiente para despertar minha atenção. Naquele final de semana estava determinado a começar a entender.
Só precisei de três horas para me dar conta que eu havia dormido tanto quanto Rip Van Winkle e, entre uma pesquisa e outra, me perguntava perplexo onde estive nestes 10 anos para ter perdido tanto disso. O assunto logo se tornou tão expressivo a mim que não tenho dificuldade de admitir que virou obsessão.
No entanto, saibam logo: não estou aqui para validar que criptomoedas são ótimos investimentos, tampouco para bradar que a tecnologia empregada destituirá governos, bancos ou poderosos com uma verdadeira migração do poder para as pessoas. Por honestidade, menciono que sequer sou especialista (não estou certo que alguém no mundo seja). Mas, se você chegou até aqui e não sabe o que são criptomoedas e como elas funcionam, eu os convido a participar da construção deste conhecimento.
Nesta primeira etapa, eu relato as perguntas que eu tinha até muito pouco tempo atrás:
• Qual é o lastro da criação monetária de criptomoedas? Ou é fiduciária?
• Em que se sustenta a elevação disruptiva da cotação?
• Como ela é negociada? E por quem?
• Como é convertida em moedas nacionais?
• Qual é o grau de risco envolvido?
• O que significa a mineração? E como alguém sabe que encontrou um “diamante” nomeado bitcoin?
• Quantas criptomoedas existem e quais são as principais?
• Quais instituições/marcas de renome mundial apoiam sua existência? Pois há nomes “de peso” que condenam seu futuro.
• Por que criptomoedas consomem tanta energia elétrica? Qual é, sequer, a relação entre eles?
Nossa jornada começa em 2008. Apesar de muitos autores correlacionarem o início das criptomoedas com a crise mundial daquele ano, pessoalmente não encontrei referências que suportasse essa correlação. Há, de fato, um trabalho de nove páginas divulgado como o título de “Bitcoin: a peer-to-peer electronic cash system” cujo autor é “Satoshi Nakamoto”. Até hoje ninguém sabe afirmar se Satoshi é uma pessoa real, ou mesmo um pseudônimo para um grupo. O que se sabe é que ele assinava artigos frequentes no fórum Bitcoin.org, mas ele “desapareceu” da internet em dezembro de 2010, data de sua última postagem no fórum que fundou. Sua identidade real permanece anônima, que pode ser só mais uma jogada de marketing no final das contas, ou alguém que realmente temia por sua vida para não aproveitar das oportunidades de negócio que sua fama faria surgir.
Entretanto, seu trabalho já havia ganho notoriedade suficiente para não depender mais de seu fundador, pois antes de entendermos o Bitcoin, a grande contribuição de Satoshi, na minha opinião, está na tecnologia que o suporta. Uma ideia elegante de tão simples, ainda que noções avançadas de tecnologia da informação sejam empregadas no processo, pode se tornar a próxima evolução da internet, pois ele reuniu em um só lugar: criptografia, peer-to-peer (P2P) e computadores trabalhando em rede, mecanismos contra fraudadores, eliminação de intermediários em transações financeiras, criação de moeda digital para incentivar a adoção do modelo de negócio, pagamentos instantâneos de e para, qualquer lugar do mundo, força de elos unidos para uma corrente e a construção de confiança em relações humanas interpessoais.
O que é importante entender é que a primeira evolução da internet foi o compartilhamento rápido de informações por meio da rede mundial de computadores. Tornou-se possível receber um e-mail escrito na Austrália há poucos segundos (enquanto uma carta levaria um mês, isso depois da pessoa ir aos correios postá-la), assistir a um vídeo ao vivo de um alpinista escalando a K2, ouvir uma música lançada há poucos minutos por seu artista favorito, entender matemática por uma aula escrita por um búlgaro ou ler uma notícia de ocorreu a 1 minuto no Afeganistão. Todas as fronteiras e barreiras foram rompidas de uma só vez no que se tratava de informações, documentos, notícias e vídeos. Basta lembrar que há poucos anos a Red Bull transmitiu ao vivo o salto do paraquedista Felix Baumgartner direto da extratosfera.
Mas, no que diz respeito à música, por exemplo, percebemos que havia um problema. O Napster nos ensinou que a facilidade de compartilhamento poderia infringir leis e atrapalhar setores da economia. E um destes problemas sérios permanecia insolúvel. Chamado de “double-spending problem” ou problema do gasto duplo, está relacionado ao dinheiro digital. O que ocorre é que quando compartilhamos documentos, vídeos e e-mails na internet, não enviamos a original, enviamos uma cópia. Com dinheiro, isso não é possível, pois o princípio do valor da moeda é garantir com 100% de certeza que se eu te pagar R$ 100 por um serviço, eu não tenho mais acesso aos mesmos R$ 100 para pagar a outra pessoa. Ele deixa de ser meu para ser de alguém. Se falhasse o controle, aquela moeda perderia todo seu valor em tempo mais rápido que você poderia gastá-lo.
As nove páginas do Satoshi Kakamoto em 2008 falam de uma tecnologia aplicada a um processo que se destina não apenas a resolver o double-spending, mas também cortar a necessidade de intermediários no processo para torná-lo mais democraticamente acessível a todos. Ele parte do princípio que um grupo de pessoas se destinaria a hackear o sistema e constrói todo um racional de forma a desincentivar o mau uso da capacidade intelectual deste grupo de pessoas, enquanto o incentiva a trabalhar em prol do novo sistema, pois eles podem ser melhor recompensados. E propõe, enfim, um modelo baseado em compartilhamento público de informações de crédito e débito de moeda entre pessoas, com o máximo possível de segurança para elevar sua credibilidade por meio de criptografia, baseado em mecânica de mineração para remunerar aqueles que trabalham em prol do sistema.
Naturalmente, tem mais coisa que a gente precisa saber para entender. Para mim foi bastante confuso no início, mas ao mesmo tempo fascinante. Desta forma, pretendo te ajudar a entender a tecnologia e ao mesmo tempo absorvê-la, de forma a cristalizar o conhecimento em você e em mim ao mesmo tempo.

(*) É Head de Análise de Mercado e sócio da Topper Minds.