Para 2026, o Sebrae espera 80 mil candidatos, com novos projetos.
Redação
Inovação é a palavra de ordem. E as startups estão 100% dentro disso, criando e simplificando acessos à saúde, educação, logística, processos jurídicos, tecnologia e vários outros segmentos da economia nacional. Durante o CASE2024, evento promovido pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Startups, 200 expositores e 80 investidores latino-americanos puderam se conectar em busca de novos negócios. Junto (e cuidadosamente misturado) aconteceu o 2º Desafio Liga Jovem, maior competição brasileira de educação e tecnologia que reuniu 54.000 jovens (de ensinos médio e superior) inscritos, propondo aplicativos de acessibilidade (a deficientes visuais, auditivos etc) e muitas alternativas focadas na sustentabilidade. O Brasil hoje tem pouco mais de 10 mil startups, movimentando 5% do PIB.
O maior evento de startups da América Latina este ano estreou novo espaço: o Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Ali se concentraram 200 expositores e 80 investidores do Brasil, México, Chile e Colômbia, previamente selecionados pela Associação Brasileira de Startups, como explica a CEO da entidade organizadora, Mariane Takahashi: “Nossa missão é fazer conexões”. A entidade, criada há 10 anos e reunindo 7 mil associadas, não participa de incubação ou aceleração, ela já recebe as startups prontas, oferece cursos, mentorias e trata de colocá-las em conexão com os vários stakeholders do mercado, como governos, investidores e órgãos reguladores (Anvisa, CVM e Apex, entre outros), promovendo um verdadeiro hub de inovação, define Mariane Takahashi – que antes de presidir esta associação era ligada às fintechs. Coordenadora do grupo Startup20 (que participou dos eventos do G-20, no Rio, este ano), a Associação Brasileira de Startups acaba de entregar carta à Presidência da República, apontando a necessidade de mais investimentos em educação (tecnológica, inclusive), ESG (práticas ambientais, sociais e governança, na sigla em inglês) e regulação de mercado. “Continuaremos expandindo nossa base e investindo na inclusão de startups de todo o país, entregando sempre muita qualidade”.
DESAFIO JOVEM
Embora seja parte da programação oficial do CASE24, o Desafio Liga Jovem é uma espécie de evento paralelo tamanha é a sua grandiosidade. Realizada pelo Sebrae, por meio do Instituto Ideias de Futuro, a 2ª Edição do Desafio Liga Jovem chegou à final com um engajamento impressionante. Com 54 mil inscritos, a competição superou em 10 vezes a adesão obtida na 1ª edição. Todos os estados tiveram equipes representadas, mais de 87% dos inscritos vieram de instituições públicas, com maioria feminina (52,7%), de população parda (48,7%) e dos Estados do Nordeste (47%). Em espaço próprio, com auditório destacado no evento, ocorreram quatro bancas para avaliar os finalistas. Dos 54 mil inscritos e 12 mil projetos (em vídeo), 100 alunos (de cursos técnico, médio e superior) foram previamente selecionados, representando 16 Estados. As delegações, com professores responsáveis, vieram a São Paulo e por aqui ficaram por uma semana (fazendo intercâmbio cultural e visitas a centros tecnológicos), patrocinadas pelo Sebrae.
Junto aos 100 alunos estiveram 20 professores orientadores, representando 20 instituições, elegendo seis grandes temas: Meio Ambiente e Sustentabilidade (seis projetos); Educação (seis projetos), Inclusão Social e Direitos Humanos (cinco projetos); Sustentabilidade e Empreendedorismo (um projeto); Cultura e Artes (um projeto); Saúde e Bem-estar (um projeto).
Jaciara Cruz, fundadora do Instituto Ideias de Futuro, distribuiu muito sorrisos no evento. Pudera, 10 vezes mais inscritos neste ano em relação à edição anterior, no ano passado, é pra deixar toda a organização feliz. “O ecossistema de inovação cresceu muito no Brasil, nos últimos 10 anos, e sei que estamos à frente de muitos países”, comenta ela, destacando a parceria do instituto com o Sebrae. E, por conhecer muito o Vale do Silício (Califórnia, EUA), onde mora hoje, o diz com propriedade.
Importante destacar também o conceito de empreendedorismo, para o qual Jaciara chama a atenção: “Empreendedorismo não se limita a abrir empresa. Deve ser, antes, um Projeto de Vida e não necessariamente a abertura de uma nova companhia”. Hoje, com os professores mais conscientes sobre isso, repassando o conceito-base aos seus alunos, a questão do empreendedorismo tende a melhorar, completa a gestora estratégica do Instituto Ideia de Futuro.
A seu lado, não menos sorridente, estava Elaine Novelli, gestora do Sebrae. Ela resumiu o Desafio Jovem em uma palavra: potência! Reconhece nos projetos desenvolvidos por alunos a “capacidade de transformar vidas e comunidades”, particularmente com aplicações à saúde, aos PcDs, ao meio ambiente. “Vimos que as questões sociais emergem”. Na visão de Elaine, o evento se consolidou neste ano e para 2025 ela só espera crescimento: “Vamos escalar para 80 mil”.
VENCEDORES
Em meio a tantos concorrentes (lembre-se: 54 mil inscritos e 12 mil projetos, apresentados ao longo de um ano, para classificação), todos os 100 alunos e 20 professores que chegaram à final são vencedores. Isto posto, vamos destacar um dos projetos que mereceu muitos elogios no CASE24. Anote: @kaffy.poroutrosolhos.
Trata-se de um aplicativo desenvolvido pela equipe do Instituto Benjamin Constant, do Rio de Janeiro, reunindo alunos da capital fluminense e da Grande Rio. Objetivo é ensinar música para deficientes visuais (plenos ou parciais). Por voz, o usuário se comunica com a “Cantiga”, mascote que interage eletronicamente de forma simples e direta. “Ideia surgiu de uma dor nossa, pois aqui no grupo todos gostam de música e não tínhamos acesso ao aprendizado, diz Felipe Fortunato, que toca cavaquinho desde criança mas quer aprender mais. No grupo ainda temos a professora coordenadora Joyce Santos, a integrante Yndiana Viana, o cantor Arthur e o Fillipi Paulino. Kelly Silva, uma das apresentadoras à banca, lembra que o app é tão eficiente, que pode ser utilizado para qualquer pessoa que deseja aprender música.
VENCEDORES
Em meio a tantas calamidades políticas e ambientais por que passamos, é um bálsamo, um “banho de esperança”, ver o interesse e o engajamento dos jovens por um país e um mundo melhor.
Visto por Estados, o Rio Grande do Sul é o grande vencedor da 2ª Edição do Desafio Liga Jovem, a maior competição nacional de empreendedorismo e tecnologia na escola. Todos os projetos finalistas do Estado foram premiados, sendo dois nas categorias Ensino Fundamental e Educação Profissional, conquistando o primeiro lugar e o da categoria Ensino Médio, recebendo a segunda colocação.
Na categoria Imagina, do Ensino Fundamental, o primeiro lugar ficou com o projeto “Chama Violeta”. Desenvolvido por estudantes do EMEF Saint-Hilaire (RS), o projeto facilita a chegada e acolhimento via escola de denúncias de violência sexual. O outro vencedor do estado foi o projeto “AGAIA”, pela categoria Inspira, da Educação Profissional. Trata-se de um dispositivo de detecção e alerta para deslizamento do solo argiloso em locais de vulnerabilidade social. Foi criado por alunos da ETE Frederico Guilherme Schmidt.O terceiro premiado do Rio Grande do Sul foi “EducaGIP”, que conquistou a segunda colocação pela categoria Cria, do Ensino Médio. Desenvolvido por alunos do IFSUL (Campus Sapiranga), trata-se de um aplicativo que reúne conteúdos, palestras, atividades pedagógicas e lúdicas para serem desenvolvidas no espaço escolar visando promover a igualdade de gênero e a representatividade feminina na política.
Além disso, a educadora Maria Gabriela Pires de Souza, da Instituição de ensino EMEF Sant-Hilaire venceu pelo segundo ano consecutivo. Os temas apresentados tanto em 2023 quanto em 2024 chamaram a atenção dos jurados por trazerem soluções de impacto social envolvendo equidade de gênero (Garotas de Vermelho) e combate à violência sexual (Chama Violeta). A professora Gabriela comemorou muito: “Eu atribuo esta vitória ao protagonismo da equipe e dos demais estudantes que lutam por seus direitos. Desejo que eles tenham cada vez mais força e voz”. A equipe Chama Violeta conquistou a primeira colocação na categoria “Imagina”, relacionada aos competidores do Ensino Fundamental e o prêmio será uma viagem a Portugal, a ser realizada em fevereiro de 2025, além de notebooks para todos os estudantes e para a orientadora.