Olha para o precipício e salta’ – essa é a orientação do CEO da Gateware, Francisco Luiz Ferreira, para aqueles que querem empreender
“Ser empresário no Brasil não é fácil, são muitas burocracias, impostos e inúmeros desafios até acertar. Um trabalho de persistência para conquistar os primeiros clientes e um longo caminho a ser percorrido”, afirma Francisco Luiz Ferreira, CEO da Gateware, empresa provedora de soluções em tecnologia digital, com sede em Curitiba, no Paraná, e unidades em São Paulo, Rio de Janeiro, Argentina e EUA.
Focada em tecnologia e inovação, a Gateware foi fundada em 2000, em um momento que Francisco percebeu que não queria mais ser funcionário e decidiu empreender com mais um amigo. “Estudei bastante, tive formação teórica que precisava e me preparei financeiramente, porque não sabia quando, mas sabia que em algum momento da vida iria empreender”, relata.
E a dica que ele dá para quem está neste caminho é: “se livre dos custos fixos; tenha uma reserva financeira, porque no começo é impactante deixar um salário fixo e passar meses sem recursos financeiros; saiba que no início pode faltar dinheiro, mas com trabalho e persistência a situação financeira volta a se estabilizar.”
Aos 55 anos, formado em Análise de Sistemas de Computação, Administração e Economia, o CEO – muito estudioso – também se aventurou pelos cursos de Física e Medicina. Ele conta que a primeira oportunidade de cliente surgiu em 2000, com uma proposta de contrato ao HSBC – o primeiro cliente da Gateware. A empresa foi a responsável por desenvolver o sistema digital do HSBC – banco on-line e aplicativo. Ao todo, em serviços prestados ao setor bancário são mais 350 mil horas acumuladas.
Inicialmente, em quatro sócios, ele conta que faziam de tudo, desde a parte técnica, financeira até a administrativa. E no momento em que o HSBC foi adquirido pelo Bradesco, os sócios se viram perdidos, pois só tinham esse cliente. Foi aí, e após muitos erros, que buscaram uma consultoria para reformular o plano de negócios da empresa.
Neste mesmo período, Francisco decidiu se afastar da empresa para estudar. Em 2011, passou no curso de Física. Depois, em 2016, iniciou a faculdade de Medicina. Ao ver que a Gateware começou a enfrentar dificuldades, ele decidiu voltar para Curitiba e optou por trancar a faculdade de Medicina, no Mato Grosso do Sul.
De volta à companhia que fundou, assumiu, dessa vez, a área comercial em um cargo subordinado a um dos sócios. “Foram seis meses de ‘porta na cara’, foi uma trajetória difícil nesta área. Aí contratei uma pessoa de mercado, que indicou que a digitalização era o caminho e não mais o porta a porta. E, em 2017, em um momento que percebi que precisávamos expandir e investir em novos mercados e estados, além de atrair novos talentos e reforçar a marca, decidi comprar a parte dos demais sócios, ficando com 100% da Gateware”, conta.
Um ‘caixeiro-viajante’ obstinado pela inovação
Esse foi o salto da Gateware, que traz em seu nome os termos ponte (gate) e produto (ware) – “pensamos em software e hardware. Nosso objetivo era ser ponte para as plataformas”, diz Francisco, que passou os anos de 2018 e 2019 viajando e prospectando clientes pelo Brasil, em especial para São Paulo e Rio de Janeiro, além de digitalizar a empresa.
“Me sentia como um ‘caixeiro viajante’. Visitava desde multinacionais a empresas que eram na casa da pessoa – ‘jogava a rede’ – e vendia de tudo, desde a Fábrica de Software, gestão de projetos, alocação de profissionais”, lembra o CEO, que neste período encontrou um mercado promissor em São Paulo e Santa Catarina.
As oportunidades foram surgindo e Francisco percebeu que faltava inovação para muitas organizações. “Eles ficavam muito focados em trabalho e manutenção, e isso consumia demais da empresa, então, pedi para que eles passassem os processos de manutenção para Gateware, e focassem na inovação de seu produto”, expõe.
Nessa época, a Gateware saltou de quatro para 30 funcionários e alcançou em 2018 um faturamento na casa dos sete dígitos. Um crescimento de 110% em um ano e, em 2019, chegou a 113%. “Foi o restart da companhia e isso foi além de faturamento, passou também pela retenção de talentos. Deixamos de contratar pessoas mais técnicas para área de gestão de projetos e optamos por profissionais da área de Administração, Economia e Comunicação, por exemplo. Também passamos a contratar mais mulheres, pois observamos que elas antecedem os problemas por serem mais detalhistas. Hoje, 40 a 50% dos postos de gestão são comandados por mulheres”, diz.
Em 2020, a Gateware adquiriu parte da Bexpo. E, mesmo em um ano desafiador, diante da pandemia da covid-19, cresceu 76%. Agora, em 2021, comprou 100% da startup, que desenvolveu o app LivID, solução que faz reconhecimento facial para Prova de Vida por meio do celular. E, para este ano, a perspectiva de crescimento é de 71% em relação a 2020, o que deve representar oito dígitos no faturamento. O número de funcionários também deve crescer – de 80 para 150.
Especialista em soluções e serviços de tecnologia da informação, com foco na entrega de valor agregado ao cliente, a Gateware desenvolveu uma metodologia própria para a gestão de projetos e mudança (PMO e GMO), pois considera a Gestão de Mudança como um fator essencial para a mitigação de riscos e resistências para as empresas alcançarem os seus objetivos estratégicos.