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Robôfobia pode fazer empresas perderem funcionários

em Tecnologia
quarta-feira, 05 de junho de 2024

A implementação de robôs para mitigar a falta de mão de obra no setor hoteleiro e de restaurantes pode ter um efeito contrário ao esperado.

Vivaldo José Breternitz (*)

O aumento da presença de tecnologias automatizadas nesse setor, de acordo com um estudo da Washington State University publicado na International Journal of Contemporary Hospitality Management, eleva o estresse e a insegurança dos trabalhadores de todos os níveis, intensificando sua intenção de deixarem seus empregos.

Os pesquisadores, liderados pelo professor Chun-Chu Chen concentraram-se no impacto dos robôs sobre os trabalhadores desses estabelecimentos. Através de entrevistas com 321 funcionários do setor hoteleiro e 308 do setor de alimentação nos Estados Unidos, eles estudaram a relação dos trabalhadores com uma ampla gama de tecnologias, que incluem robôs garçons, braços robóticos, quiosques self-service automatizados e dispositivos digitais para receber pedidos feitos nas mesas.

Os resultados demonstram que os indivíduos menos familiarizados com robôs relatam com frequência insegurança no trabalho e estresse, sentimentos que se correlacionam com uma maior intenção de abandonar o emprego. Esses sentimentos não diminuem entre aqueles mais familiarizados e que trabalham mais próximos aos robôs: estes temem serem considerados obsoletos e substituídos.

A própria percepção das capacidades dos robôs também desempenha um papel importante: quem acredita que essas tecnologias são mais capazes e eficientes que os trabalhadores humanos tende a estar mais propenso a querer deixar o emprego.

Embora a introdução de robôs no setor hoteleiro e de restaurantes possa trazer benefícios em termos de eficiência e produtividade, é crucial considerar o impacto que essas tecnologias podem ter no moral e no bem-estar dos trabalhadores.

Os empregadores devem implementar estratégias para mitigar os efeitos negativos da automação e valorizar a presença humana no setor como forma de combater a robôfobia.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].