A revista Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking publicou os resultados de um estudo conduzido por um grupo de pesquisadores da Universidade de Bath, Inglaterra, que confirma os benefícios obtidos pelo afastamento das redes sociais.
Vivaldo José Breternitz (*)
Apenas uma semana longe do Instagram, Facebook, Twitter e TikTok, segundo a pesquisa, é suficiente para melhorar os níveis de bem-estar psicológico e mitigar a ansiedade e a depressão.
Dos participantes da pesquisa, alguns foram orientados a evitar o uso de redes sociais; os demais continuaram seguindo suas rotinas. Após sete dias, os pesquisadores observaram uma diferença substancial entre aqueles que abandonaram as redes sociais ou diminuíram muito seu uso e os que continuaram a usar os aplicativos.
As pessoas que pararam de usar as mídias sociais tiveram melhorias significativas nos níveis de bem-estar, depressão e ansiedade. Os pesquisadores recomendaram a realização de novos estudos, examinando os efeitos a longo prazo e com populações maiores, embora reiterem que os resultados de seus estudos são mais uma evidência acerca os efeitos negativos do uso prolongado das mídias sociais.
A verdade é que, apesar dos depoimentos da antiga executiva da Meta, Francis Haugen, que mostraram como o Facebook e o Instagram prejudicam a saúde dos adolescentes, dos inúmeros depoimentos de Mark Zuckerberg ao congresso americano e dos escândalos repetidos e contínuos, fica claro que o objetivo das redes sociais é que fiquemos conectados a elas o maior tempo possível, independentemente dos impactos sobre nossa saúde e bem-estar.
Há um crescente consenso em considerar as mídias sociais como os cigarros do novo milênio. No entanto, é bom lembrar que se hoje todos sabemos que fumar aumenta exponencialmente os riscos de câncer e doenças cardiovasculares, foi preciso mais de meio século para deixar isso claro e vencer a luta para reduzir o poder dos grandes fabricantes de cigarros.
No caso das redes sociais, a luta ainda está no começo. Embora a evidência científica sobre o desequilíbrio entre os efeitos negativos e positivos de plataformas como o Facebook e o Instagram seja cada vez maior, continuamos a considerar estes serviços como algo vital em nosso quotidiano, apesar dos danos que podem nos trazer.
Será que isso realmente é verdade? Vale a pena refletir.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de IoT.