Vivaldo José Breternitz (*)
A força policial do Surrey, um condado situado no sudeste da Inglaterra, viu-se no centro de uma controvérsia depois que uma de suas contas oficiais no Twitter mostrou como alguns policiais usam o Waze para induzir os motoristas a diminuir a velocidade.
Tweets divulgados pelo jornal The Guardian mostram que a unidade de polícia rodoviária da força usa o aplicativo para publicar informações falsas informando a presença de policiais onde estes não estão.
Um dos tweets diz que “definitivamente, não colocamos ícones no Waze mostrando a presença da polícia em locais onde não estamos”, disse a unidade, juntando ao post um emoji dando uma piscadela. Outro afirma que “temos uma maneira fácil de fazer com que os motoristas diminuam a velocidade em nossas estradas – graças ao Waze”.
Essas mensagens receberam críticas, com algumas pessoas acusando a polícia de, ao criar “unidades fantasmas”, violar a Lei de Uso Indevido de Computadores do Reino Unido. Outros lembraram que o Waze tem uma política contra a publicação de informações falsas.
Segundo policiais, a colocação de ícones não é uma falsidade, pois em algum momento uma de suas viaturas passou pelo local; disseram também que o Waze não tem regras especificando que a viatura policial precisa estar parada no local para que seja válida a publicação do ícone. Essas afirmações foram feitas em um tweet ilustrado por um emoji sorridente.
Policiais rodoviários disseram também que o uso da tática é, em parte, uma resposta ao fato de haver menos recursos humanos para fazer cumprir as leis de trânsito, ressaltando que em março de 2022 havia 4.102 policiais atuando nas estradas da Inglaterra e do País de Gales e que sete anos antes, esse número era 5.237.
Dada a postura displicente e mal educada de boa parte dos motoristas brasileiros e a estrutura pequena de nossas policias rodoviárias, talvez fosse uma boa ideia adotar esse procedimento por aqui, embora certamente os inocentes úteis e os politicamente corretos de praxe manifestariam sua contrariedade.
(*) Vivaldo José Breternitz, Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas