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Pesquisa revela América Latina como líder global em ChatGPT e IA generativa

em Tecnologia
sexta-feira, 11 de outubro de 2024

País foca no Projeto Norte Conectado, de 12 mil Km

Redação

No Brasil, 156 milhões de pessoas acessam a internet. Destas, 50% via celular na modalidade pré-pago na maioria das vezes (60%). Enquanto a América Latina emerge rapidamente como líder global no ChatGPT e outras ferramentas de Inteligência Artificial (IA), 450 municípios da região Norte do país ainda apanham com conexão e 10 deles (no Amazonas) não têm um único sinal de internet. O Projeto Norte Conectado (anteriormente Amazônia Conectada), iniciado pelo Exército, avança com a implantação de 12 mil Km de infovias. Para atualizar e debater este quadro, o Futurecom, considerado o maior evento de tecnologia e conectividade da AL (com mais de 250 expositores), reuniu especialistas de todo o país, vizinhos latinoamericanos e, claro, chineses abordando o ecossistema de infraestrutura de redes, conectividade e tecnologia, durante o Congresso simultâneo e palestras nos próprios estandes da São Paulo EXPO.

– Mãe, faz um pix aí.

Este início de diálogo, curto e grosso, tão comum entre crianças e adolescentes das regiões Sul e Sudeste (podendo-se substituir o “mãe”, por pai, mano, tio, vô etc) não acontece em muitos lugares da região Norte e até mesmo em alguns rincões do Nordeste. Motivo: tem gente que nem sabe o que é esse tal de pix, acredite. E isso é dito por especialistas em conectividade, não uma lenda urbana ou jocosidade com determinadas populações.

Para que isso seja resolvido, de uma vez, o país trabalha para ter uma “Conectividade Significativa e Inclusão Digital”, como nominou um dos painéis apresentados durante o evento. Caio Bonilha, da Futuricon, foi o mediador nesta discussão, mostrando que existe um esforço para se contemplar os eixos da sustentabilidade, como atingir o Carbono Zero, reduzir em 50% os resíduos produzidos e aplicar a sustainability insight (visão de sustentabilidade) em todos os grandes clientes, até 2015.

A preocupação com a sustentabilidade não é só do Brasil, evidentemente. No mundo, estão sendo investidos US$ 5 BI para integrar 1 bilhão de pessoas e reduzir a pegada de carbono. Por aqui, 84% dos domicílios têm algum tipo de conectividade (um aparelho móvel ao menos, para acessar a internet), mas é possível melhorar o quadro, ofertando letramento digital e inclusão em todas as regiões.

São muitos os projetos e o objetivo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) é viabilizar todos, ajudando na criação de infraestrutura adequada, promovendo leilões de 5G e realizando as infovias, que terão 12 mil Km para conectar todo o Norte do país, observou Cristiana Camarate (conselheira da agência). “A isto acrescente-se a obtenção de preços acessíveis, estímulo à competição, certificação de produtos, segurança – contra fraudes e ataques cibernéticos – e promoção das habilidades digitais, olhando diretamente para o cidadão”, continuou a representante da Anatel.

Inclusão digital
Depois de comentar a alarmante projeção, discutida na última reunião do G20 (grupo dos 20 países economicamente mais desenvolvidos), Camarate destacou que em 2030 nada menos que 85 milhões de postos de trabalho no mundo não serão ocupados por falta de habilidade digital dos potenciais candidatos. Visando a inclusão digital, o país acaba de celebrar convênio com a Unesco (órgão da ONU para Educação, Cultura e Ciência), priorizando crianças e idosos.

Josaias Arruda (VP da Abramet) explanou que o país tem 84% de conectividade, mas deste total só 22% é significativa. Relativamente ao Norte, destacou que o Pará tem apenas 8,4% e o Amazonas pouco mais de 16%, sendo que 10 municípios deste estado estão totalmente no escuro em termos de conexão. “Internet é inclusão social e digital”, bradou, com a concordância dos colegas de painel. Falou sobre os 12 mil Km de rede a serem implantados, cujo projeto nasceu com o Exército e as dificuldades encontradas, como “o porto da cidade de Porto Velho (RO) que está paralisado há 18 dias por conta da estiagem na região”. É preciso ter um calado de 4 metros para os barcos navegar. Destacando que “conectividade gera negócios”, concluiu incentivando governo, iniciativa privada e terceiro setor a se conectar neste esforço.

Representando a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), Luzia Sarno, de São Paulo, lembrou da importância da tecnologia para a educação e saúde, entre outras áreas. “Com o avanço que temos da telemedicina, por exemplo, não podemos desperdiçar o potencial”, notou. Ela falou da extraordinária base de dados, citando o estado de São Paulo com seus 3,5 milhões de alunos nos ensinos básico e médio, 200 mil professores e 5.300 escolas. “Para termos os objetivos atendidos, é preciso que existam infraestrutura, equipamentos (notebooks, tablets etc) e letramento digital”, completou.

Petróleo
Ainda sobre os dados, que necessitam ser apurados, processados e armazenados, Rodrigo Radaieski, diretor de Serviços da Ascenty, enfatizou: “Os dados são o novo petróleo, vai ser algo tão valioso que precisa ser adequadamente orquestrado. É necessário fazer a gestão distribuída e cuidar para uma adequada conectividade, pois as soluções de orquestração de redes podem auxiliar nisso e, assim, suprir o desafio de levar os dados aos lugares mais distantes”. E acrescentou: “Acredito também que o 5G vai democratizar mais esse acesso”.

Sobre IA, a forte tendência do momento, o diretor da Ascenty notou: “Estamos vivendo uma grande transformação, similar à Revolução Industrial, mas precisamos também entender que a maior parte das empresas no Brasil hoje não está nos datacenters; elas ainda estão tirando os dados do seu CPD… E este é um movimento que ainda vai durar algum tempo e perceba que estamos falando de datacenters dedicados à IA. Ainda vamos ter muitas empresas entrando no mercado clássico de storage. Temos oportunidades de datacenters para conquistar, que todos que conseguirem aproveitar terão sucesso. Há oportunidade de mercado para todos”.

ChatGPT
Durante o Futurecom foi apresentada a pesquisa Digital Consumer Insights, de 2024, da Omdia, mostrando que a América Latina está emergindo rapidamente como líder global na adoção do ChatGPT e outras ferramentas de IA generativas, ultrapassando muitas economias avançadas. De acordo com o levantamento, 76% dos entrevistados no Brasil e 70% no México relataram usar o ChatGPT ou serviços de IA generativa semelhantes, como o Gemini, em comparação com uma média global de 66%.

Os números apontam que IA está se tornando parte da vida diária e do trabalho na região, com os consumidores digitais latinoamericanos mostrando curiosidade e interesse em adotar as novas tecnologias. Contrastando com isso, mais da metade dos entrevistados na França, Canadá e Japão relataram não ter interesse ou nunca terem experimentado o ChatGPT nem ferramentas semelhantes.

Nos EUA, apenas 52% dos entrevistados usaram IA generativa. No Reino Unido, o número foi ligeiramente maior, 55% e o maior uso foi encontrado na China e na Índia, com 86% dos entrevistados usando ferramentas GenAI.

Agro
Para Marco Basso, presidente da Informa Markets Latam, as inovações disruptivas devem crescer de US$ 19 trilhões, em 2023, para US$ 220 trilhões até 2030, com a maior parte dos investimentos voltados à Inteligência Artificial. “Um dos setores mais impactados por esse avanço será o agronegócio, que verá a IA transformar desde a automação e o monitoramento até a sustentabilidade e segurança de dados no campo”, observou.

O próximo Futurecom será em 30 de setembro do ano que vem, com discussões permeando a alta tecnologia, enquanto os preços dos alimentos, no local, permanecerão na nuvem para não ficarem de fora do technological spirit.