Veio a público a edição 2024 da pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre comércio e pagamentos móveis no Brasil.
Vivaldo José Breternitz (*)
Já se sabia que fazer compras através de apps ou sites acessados por celular, o chamado m-commerce, era comum para os brasileiros, independentemente da idade ou da classe social, mas a pesquisa mostra o aumento expressivo desse tipo de comércio.
Dentre os que já experimentaram o m-commerce, 91% realizaram compras pelo smartphone nos últimos 30 dias, um aumento de 3 pontos percentuais em relação a um ano atrás. A recorrência de uso desse canal está aumentando: em um ano, passou de 6% para 8% os que compram por apps e sites móveis quase todo dia, e de 15% para 20% os que fazem isso algumas vezes por semana.
Livros, cosméticos e acessórios de moda estão entre as categorias de produtos que o brasileiro mais prefere comprar pelo smartphone, em vez de ir a uma loja física ou usar o computador. No caso de roupas e calçados há praticamente um empate técnico entre celular e loja física.
Curiosamente, a compra em uma loja física é preferida pelo brasileiro quando se trata de itens recorrentes, como alimentos, produtos de limpeza, itens de higiene pessoal, remédios e ração para pets.
Das categorias listadas na pesquisa, em nenhuma delas o computador é o meio preferido para compras, o que reflete a relativamente baixa presença desse equipamento nas residências do país.
O preço é o melhor atributo na experiência de compra em apps e sites móveis, como dizem 35% dos consumidores móveis brasileiros. Isso decorre, provavelmente, das inúmeras promoções e descontos oferecidos em apps de marketplaces.
Porém, recortes por classe social e idade revelam realidades diferentes. Entre pessoas das classes A e B, por exemplo, a característica mais importante na experiência do m-commerce é a conveniência, dizem 29% delas, ante apenas 13% dos brasileiros das classes D e E.
A conveniência também é mais apreciada entre as pessoas mais velhas: 19% dos brasileiros com 50 anos ou mais indicam essa característica como a que mais gostam na experiência do m-commerce, ante 12% dos jovens entre 16 e 29 anos.
Quanto ao preço, 37% dos entrevistados que pertencem às classes C, D e E o indicam como aquilo que mais gostam nas compras em apps e sites móveis, contra 28% dos consumidores das classes A e B.
Por sua vez, o custo do frete é o maior vilão do comércio móvel brasileiro. Ele é apontado por 41% dos consumidores móveis nacionais como aquilo que menos gostam na experiência de compra em apps e sites móveis. É o campeão em todos os recortes sociodemográficos, seja por gênero, faixa etária ou classe social.
Quem mais se incomoda com a demora na entrega do m-commerce são os jovens de 16 a 29 anos: 23% deles reclamam que isso é o que menos gostam quando compram por apps ou sites móveis. O percentual cai para 15% na faixa entre 30 e 49 anos, e diminui para 11% no grupo com 50 anos ou mais.
Os consumidores com maior poder aquisitivo (classes A e B) são os que mais se incomodam com a impossibilidade de tocar ou testar produtos no m-commerce: 33% deles dizem que isso é o que menos gostam na experiência de compra por apps ou sites, atrás apenas do custo do frete (38%). Entre consumidores da classe C, 26% reclamam de não poder tocar ou testar, e o percentual cai para 18% nas classes D e E.
A Shopee e o Mercado Livre continuam sendo os apps favoritos dos brasileiros para compras via smartphone. Ambos cresceram na preferência do consumidor nacional ao longo do último ano: a Shopee passou de 21% para 25%, e o Mercado Livre, de 16% para 19%. Mas o maior crescimento foi da Amazon, que passou de 12% para 17%, e agora está na terceira posição. WhatsApp e Americanas, que figuravam no ranking de 2023, não alcançaram o mínimo de 3% de citações nesta edição da pesquisa para serem incluídos.
Foram entrevistados 2.259 brasileiros com 16 anos ou mais, que acessam a Internet e possuem smartphone, entre os dias 8 e 27 de novembro. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.
O mundo do comércio realmente mudou muito nos últimos tempos.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].