
Em 2024 cidadãos americanos perderam US$ 12,5 bilhões em fraudes praticadas no ambiente virtual – é um recorde.
Vivaldo José Breternitz (*)
Com mais e mais pessoas online e se considerando experientes em tecnologia, poderíamos imaginar que os golpistas estariam tendo dificuldades para obter dinheiro, o que não é verdade: de acordo com órgãos do governo americano, os US$ 12,5 bilhões perdidos em golpes em 2024, representaram um aumento de 25% em comparação com as perdas de US$ 10 bilhões de 2023.
Surpreendentemente, o número de pessoas que os criminosos tentaram roubar, 2,6 milhões, não aumentou em 2024 O que aumentou foi o número de tentativas que tiveram sucesso – de 27% em 2023 para 38% no ano passado. Ao que parece, os golpistas estão ficando melhores em convencer as pessoas a entregarem seu dinheiro.
As maiores perdas vieram de golpes ligados a investimentos: US$ 5,7 bilhões foram perdidos através desse tipo de fraude. A perda média foi cerca de US$ 9 mil, mais do que qualquer outra categoria de golpe.
Frequentemente conhecidas como “pig butchering “ (abate de porco), uma referência a engordar o animal antes do abate, essas fraudes envolvem preparar as vítimas ao longo do tempo, conquistando sua confiança antes de convencê-las a fazer investimentos. Uma vez que alguém entrega seu dinheiro ao golpista, o criminoso corta todas as comunicações.
O segundo tipo de fraude mais bem-sucedido, em que as vítimas perderam US$ 2,95 foi aquele em que um golpista fingindo ser um funcionário do governo, representante de empresa, membro da família ou parceiro romântico, convence alguém a entregar dinheiro. As perdas para impostores que se faziam passar por funcionários do governo aumentaram de US$ 171 milhões de 2023 para US$ 789 milhões em 2024.
Golpes ligados a oportunidades de negócios e emprego aumentaram de US$ 250 milhões para US$ 750,6 milhões.
Muitos pensam que os idosos são os mais propensos a serem vítimas de golpes, mas jovens relataram perder dinheiro para fraudes com mais frequência do que aqueles com mais de 70 anos – 44% de todos os relatos foram feitos por pessoas entre 20 e 29 anos. Isso pode ser devido ao maior número de jovens online.
Pelo segundo ano consecutivo, o método mais comum usados pelos golpistas para fazer o primeiro contato com as vítimas foi o e-mail, seguido por telefonemas e mensagens de texto.
Vale lembrar que a maioria dos golpes não é relatada, geralmente porque a vítima se sente envergonhada – logo, os números reais provavelmente são muito maiores.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.