Lázaro Pinheiro (*)
A realidade digital chegou a todas as empresas dos mais diversos segmentos. Entre mudanças e novos hábitos que precisaram ser assimilados no dia a dia corporativo, a tecnologia se fez onipresente com novas soluções e ferramentas. Assim, entre tantas situações com que os gestores tiveram de lidar nos últimos anos, a falta de profissionais especializados para suprir as demandas digitais é uma das mais latentes.
As tecnologias cresceram muito em qualidade, o que exige profissionais qualificados e com alto grau de especialização para atender à nova realidade dos negócios. Assim, os interessados em ocupar esses cargos precisam estar alinhados ao que há de mais moderno e inovador na tecnologia. A pandemia acelerou a adoção de soluções digitais, mas essa é uma evolução que já era nítida há muito tempo — o que fez a área de TI estar em ascensão nos diversos segmentos de negócios que precisam de suporte para essa novidade.
Consequentemente, as demandas explodiram e faltam profissionais especializados. Não se trata mais de um diferencial, mas de uma necessidade estratégica. Hoje, vivemos em uma sociedade guiada por softwares, o que faz a transformação digital ser um desafio para todas as corporações, independentemente do segmento em que atuam. Contar com um profissional capacitado, portanto, faz toda a diferença.
A questão é que o próprio mercado de TI está mudando. Hoje, as empresas procuram profissionais que não tenham medo do novo e estejam dispostos a conhecer uma tecnologia que vai agregar ainda mais valor a sua trajetória. Assim, as vagas disponíveis não têm mais um fator, perfil ou característica determinante. As melhores organizações sabem que precisam oferecer um ambiente acolhedor, inclusivo e desafiador.
Nem sempre foi assim, evidentemente. Historicamente, o perfil de quem trabalhava com tecnologia era predominantemente masculino. Felizmente, isso está mudando, com maior participação feminina na área e pessoas que migram de outras carreiras, como design e publicidade, para boas colocações em tecnologia. O cenário diverso traz diferentes pontos de vista para dentro das empresas e departamentos de tecnologia — o que desencadeia uma série de mudanças na forma como as pessoas lidam com o próprio trabalho.
Agora, a palavra de ordem é estar alinhado às tendências e inovações que surgem continuamente. As organizações precisam de pessoas que buscam o desafio, os aprendizados, o clima e o “propósito” que podem encontrar. É um chamariz e tanto ao lado de pacote de benefícios e de remuneração atrativos. Ao mesmo tempo, é fundamental priorizar a entrega de valor aos clientes e buscar, de forma contínua, o desenvolvimento de todos os profissionais para que eles possam continuar inovando e acompanhando a evolução tecnológica.
Evidentemente não é fácil promover esse ambiente e encontrar bons profissionais que cumpram todos os requisitos. Como já lembrado, há mais vagas disponíveis do que pessoas qualificadas para preenchê-las — ou seja, pode levar algum tempo até essa balança equilibrar. Enquanto isso, algumas medidas ajudam a atrair os melhores talentos e, ao mesmo tempo, estimular a inovação. O clima no ambiente de trabalho, por exemplo, deve ser saudável, leve, integrador, acolhedor e inclusivo.
O propósito da empresa deve ser claro. A pessoa deve reconhecer a empresa como um local de desenvolvimento e de aprendizados contínuos, com criação de oportunidades e promoção dos departamentos com autonomia e responsabilidade — além, é claro, de benefícios e remuneração compatíveis com a qualidade e o mercado de trabalho. O ditado popular ensina que “cavalo selado só passa uma vez”, evidenciando a necessidade de estarmos atentos às oportunidades que surgem em nossas vidas.
Mas, no caso do mercado de tecnologia, em vez de esperar o cavalo selado aparecer, espera-se que a própria pessoa vá atrás daquilo que ele deseja e procura. Quando há esse encontro entre um perfil inquieto e com vontade de aprender e uma organização que oferece o ambiente propício para desafiar e estimular o crescimento profissional, a inovação surge de forma natural. Ganha o colaborador, que vai poder se destacar e atingir os objetivos; ganha a empresa, que terá um talento pronto para voar em seu quadro de funcionários.
(*) – É CO-CEO da TrueChange, empresa referência em soluções low-code no Brasil ([email protected]).