São muito claros os impactos da tecnologia da informação sobre os jornais e revistas: tamanhos e tiragens muito menores, perda de receitas, demissões e em vários casos até mesmo a extinção das edições impressas, como foi o caso do Jornal do Brasil e da Gazeta Esportiva.
Vivaldo José Breternitz (*)
Esse fenômeno não é exclusivamente brasileiro – o tradicionalíssimo Wiener Zeitung, jornal austríaco fundado em 1760 deixou de ter edição impressa em meados deste ano.
Mas há uma exceção notável, o New York Times, talvez o jornal mais importante do mundo e que vem surfando com sucesso nas ondas da internet.
O NYT fechou o terceiro trimestre de 2023 com cerca de 10 milhões de assinantes e receitas da ordem de US$ 598 milhões, dos quais US$ 357 milhões provenientes de assinaturas e publicidade de suas edições digitais e US$ 178 milhões das edições impressas, apenas a metade do que veio do publicado na forma digital. Mais US$ 63 vieram de outras fontes de receita do jornal.
O próprio jornal avalia que esses números decorrem de sua capacidade de entender as mudanças de hábito de seus leitores, mas, principalmente, por ter optado por manter e até mesmo aumentar seu quadro de jornalistas qualificados, não cedendo à tentação de, como tem feito muitos jornais, substituir jornalistas como estes por pessoal inexperiente, buscando reduzir custos, que efetivamente caem, mas à custa da queda da qualidade do produto.
Deve-se registrar também que desde 2013, o número de empregados do NYT vem crescendo, especialmente em termos de jornalistas.
Não é fácil, mas este é um exemplo a ser seguido.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.