
Nestes tempos em que cresce o número de startups, muitas das quais criadas com o objetivo de serem vendidas rapidamente, gerando grandes lucros para seus criadores, vale observar um caso que vem tendo grande repercussão.
Vivaldo José Breternitz (*)
Após um julgamento que durou cinco semanas, Charlie Javice, a fundadora da startup de aplicativos de empréstimos estudantis Frank, que foi comprada pelo banco J. P.Morgan por US$ 175 milhões, foi considerada culpada por fraudar o banco ao inflar o número de clientes e consequentemente supervalorizar sua startup.
Quando o J. P.Morgan comprou a Frank em 2021, o banco acreditava que a startup tinha 4 milhões de clientes, mas descobriu que o número real era de apenas 300 mil quando tentou entrar em contato com esses clientes via email e viu que 70% dessas mensagens foram devolvidas.
Javice teria contratado um professor de matemática para criar dados falsos que apresentou ao J. P.Morgan quando o banco estava considerando comprar sua empresa.
Os advogados de defesa argumentaram que o banco foi à justiça apenas por ter se arrependido da compra quando o governo americano mudou regras que regulamentavam os empréstimos a estudantes.
Javice se declarou inocente e não depôs durante o julgamento. Aos 32 anos, ela pode ser condenada a décadas de prisão, devendo a sentença sair em agosto.
Ela fundou a Frank em 2017, quando tinha 26 anos. Em 2019, fez parte da Forbes 30 Under 30, uma lista publicada pela prestigiosa revista de negócios Forbes, que apresenta jovens empreendedores que vem fazendo muito sucesso.
Vale a pena lembrar o ditado italiano que o J. P.Morgan provavelmente não levou em conta: “la prudenza non è mai troppa” ou, em bom português, “prudência nunca é demais”.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – vjnitz@gmail.com.