O ChatGPT consolidou-se, recentemente, como um dos principais temas de conversas entre profissionais que atuam em diversos setores, tanto em empresas como em startups. O assunto suscita dúvidas sobre o futuro da sociedade, divide opiniões e, claro, desperta curiosidade. Mas, afinal, como tratar a especulação sobre a substituição do ser humano pelas máquinas?
O apelo dessa afirmação, apesar de parecer futurista é, na verdade, bastante nostálgico, visto que a automação em si já vem assumindo há décadas a realização de processos extremamente operacionais para que os profissionais se dediquem cada vez mais a novas e mais estratégicas questões. Mas quais são os impactos (benefícios?) para as startups?
As startups já estão se beneficiando das possibilidades do ChatGPT, assim como de outras ferramentas de IA para, por exemplo, potencializar a produtividade. É possível realizar pesquisas sobre mercado, noticiário, público e identificar tendências para determinado segmento. O ChatGPT também pode ser utilizado na programação e, mais especificamente, para escrever linhas de código. Basta que os programadores informem o tipo de função que desejam.
Em outra frente, na própria construção de textos para publicações em redes sociais, conteúdos para blogs, e-mails e muito mais. Aqui é indispensável lembrar que, ao criar esses conteúdos, a ferramenta não considera aspectos importantes como estratégias de comunicação e marketing, tom de voz e persona. Então, é preciso ter cuidado para não incorrer em plágio e não comprometer a identificação da marca.
O ChatGPT é considerado por muitos como a ferramenta moderna mais importante desde a criação dos mecanismos de busca e, por isso, seria capaz de promover mais uma mini revolução. A exemplo das startups, o ChatGPT poderia realizar grande parte do trabalho de um profissional em início de carreira, o que teria impacto direto em contratações e, mais importante, na mudança de perfil, com demanda de maior conhecimento técnico, que pode passar a ser exigido pelas empresas.
Assim como as especulações, crescem as argumentações de que o avanço desenfreado da Inteligência Artificial representaria riscos à humanidade. A Itália tornou-se o primeiro país do Ocidente a banir a utilização do ChatGPT em seu território. Já para a União Europeia (UE), que trabalha há mais de um ano em um regulamento sobre o uso da IA e proteção aos usuários, o ChatGPT representa um desafio adicional nesse esforço.
É equivocado pensar que “As máquinas (o ChatGPT) irão substituir os homens”. O ser humano é único, um emaranhado de subjetividades e particularidades, que passam pela influência e formação cultural, experiências e oportunidades de vida, registros visuais/sonoros/táteis e convivência familiar e social ao longo da vida. E é esse imenso arcabouço de conhecimento e vivência que permite ao ser humano desenvolver novas tecnologias.
O foco deve ser garantir que as funcionalidades sejam utilizadas de maneira ética e correta nas startups e companhias de diferentes mercados. E, claro, respeitando as regulamentações que venham a ser implementadas, assegurando também a segurança no uso pelos cidadãos.
Ao longo desse caminho é bom ter em mente que nas gestões, públicas e privadas, os compromissos com as questões ambientes, sociais e corporativas têm muito a contribuir frente a todo e qualquer avanço tecnológico e, principalmente, aos inúmeros desafios que as nações em todos os continentes ainda precisam resolver.
(Fonte: Patricia Rechtman é cofundadora da Finplace, fintech que soma aproximadamente R$ 3 bilhões transacionados em seu marketplace financeiro. Formada em publicidade pela ESPM e pós-graduada em Marketing pela FGV, Patrícia é Diretora de Marketing da Finplace, além de comandar projetos especiais como o Comitê de Empatia, voltado para a diversidade).
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