Kevin Mitnick, talvez o primeiro hacker a ganhar fama mundial e o primeiro a ser listado entre os criminosos mais procuradas nos Estados Unidos, faleceu aos 59 anos.
Vivaldo José Breternitz (*)
Ele sofria de câncer no pâncreas e faleceu ao lado da esposa, grávida de seu primeiro filho, conforme anunciado em Las Vegas, sua cidade natal.
Apelidado de “The Condor”, Mitnick era considerado o rei dos hackers nos anos 1990, pois desafiou as autoridades americanas por muito tempo, tendo roubado milhares de arquivos, incluindo segredos industriais e dados de cartões de crédito, que, segundo ele, nunca foram usados.
Mitnick foi preso em 1995 pelo FBI, com a ajuda do especialista em segurança cibernética, o japonês Tsutomu Shimomura, cujo computador Mitnick havia conseguido hackear. Usando meios eletrônicos, Shimomura localizou Mitnick em seu esconderijo em Raleigh (estado da Carolina do Norte) em fevereiro de 1995.
Ele foi acusado de uso ilegal da rede telefônica e fraude cibernética, se declarou culpado e foi condenado a cinco anos de prisão, uma punição considerada muito rígida por seus apoiadores, que organizaram um movimento mundial com o lema “Libertem Kevin”.
Após sair da prisão em janeiro de 2000, ele se tornou um “white hat”, nome dado aos hackers éticos que testam a segurança de computadores para empresas e outras instituições. Além desses serviços, Mitnick ministrou treinamentos acerca de assunto, através de sua empresa Mitnick Security Consulting.
Ele também fez palestras e escreveu vários livros, alguns dos quais disponíveis em português, como “A Arte de Enganar“ e “Fantasma no Sistema“. Sua vida inspirou o filme “Track Down”, lançado nos anos 2000.
Diante do que os hackers da atualidade vêm praticando, os crimes de Mitnick acabam tendo até um certo ar romântico, especialmente pelo que fez após pela sua “conversão” ao deixar a prisão.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.