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Militares americanos têm problemas com equipamentos Microsoft

em Tecnologia
sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Em setembro passado, o Exército Americano recebeu o primeiro lote dos óculos de realidade aumentada produzidos pela Microsoft; foram cinco mil unidades.

Vivaldo José Breternitz (*)

Os óculos, que usam inteligência artificial e realidade aumentada, proveem capacidade de visão noturna, sensores térmicos e sonoros, compartilhamento de informações e facilidades de comunicação entre os soldados e seus comandantes, esperando tornar melhores o desempenho e o processo de tomada de decisões em situações de combate.

Segundo a agência de notícias Bloomberg, o Exército gastou US$ 480 milhões no desenvolvimento dos óculos, com cerca de US$ 22 bilhões podendo ser gastos no programa nos próximos dez anos, aí incluídos os custos de manutenção. Esse número é semelhante ao total de despesas militares do Brasil em um ano.

Documentos do Exército obtidos pela Bloomberg mostram que militares que estão usando o equipamento em treinamento dizem que os óculos são grandes demais, causam dores de cabeça, náuseas e fadiga ocular e que a aceitação da tecnologia é baixa, com soldados dizendo que o equipamento não “contribui para sua capacidade de completar as missões”.

Outro depoimento, obtido pelo portal Business Insider, foi ainda mais contundente, com um militar dizendo que “o dispositivo pode nos matar”, referindo-se à luz emitida pela tela frontal dos óculos, que poderia alertar o inimigo sobre a presença do soldado.

Apesar das críticas, o Exército diz que os resultados obtidos até agora indicam que o programa obteve sucesso na maioria dos critérios de avaliação, mas que foram identificados pontos que precisam ser melhorados.

O Senado americano parece ter opinião diferente, tendo reduzido de US$ 400 milhões para US$ 50 milhões os valores destinados à compra desses equipamentos, por considerar que os óculos ainda devem superar desafios em termos de software, hardware e aceitação pelos usuários.

(*) É Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.