A Microsoft demitiu toda sua equipe que cuidava de assuntos ligados a aspectos éticos e sociais de seus produtos. Essa demissão é parte dos cortes que recentemente atingiram dez mil trabalhadores em todo o mundo.
Vivaldo José Breternitz (*)
A equipe era responsável por analisar os riscos e oportunidades decorrentes da integração de plataformas avançadas de inteligência artificial em seus produtos novos e estabelecidos da empresa, incluindo o chatbot ChatGpt, que há algumas semanas está sendo integrado ao mecanismo de busca Bing.
Segundo fontes do mercado, a empresa só manteve a estrutura conhecida como ORA, ou Office of Responsible AI, que tem a incumbência de criar regras e princípios para governar as iniciativas de IA da empresa. Segundo as mesmas fontes, já no final de 2022 a equipe de ética e sociedade havia sido reduzida, de trinta para sete profissionais.
Ao que consta, cada divisão da empresa contará com um funcionário dedicado a estudar os impactos da inteligência artificial nos produtos e serviços oferecidos aos consumidores, discutindo esses impactos com o ORA.
Em nota enviada ao portal Platformer, que comentou o assunto, a Microsoft destacou que está comprometida “em desenvolver produtos e experiências de inteligência artificial de forma segura e responsável e o faz investindo em pessoas, processos e parcerias que priorizem nossa visão de futuro”. Uma declaração absolutamente óbvia, sem qualquer conteúdo.
Infelizmente parece que a lei da selva está passando a vigorar em todo o ambiente virtual, inclusive no processo de demissão dos funcionários, que foram chamados para uma reunião do grupo via Zoom e ali informados da extinção do grupo.
Aqui no Brasil, demissões dessa forma já são muito comuns, demonstrando o desprezo de executivos pelo que chamam, cinicamente, de “colaboradores”.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.