O banco Wells Fargo, o terceiro maior dos Estados Unidos, demitiu um grupo de cerca de vinte funcionários que atuavam em regime de home office após descobrir que os mesmos apenas fingiam estar trabalhando, iludindo os sistemas de controle.
Vivaldo José Breternitz (*)
Para isso, usavam dispositivos que simulavam a utilização dos teclados e mouses de seus computadores, sem que sequer estivessem próximos destes.
Software e hardware que fazem parecer que alguém está utilizando o mouse ou digitando são encontrados com facilidade; instruções para seu uso estão disponíveis em redes sociais como Reddit e TikTok. Os dispositivos em si podem ser encontrados na Amazon por menos de US$ 20; adeptos do “do it yourself” podem construí-los utilizando Raspberry Pi e alguns outros componentes eletrônicos.
Esses dispositivos impedem que os computadores entrem no modo de hibernação quando não estão sendo usados; eles não movem o mouse ou o teclado, mas enganam softwares de monitoramento, fazendo-os assumir que o usuário está ativo. Softwares desse tipo são amplamente utilizados por empresas que mantém grande número de funcionários em home office.
Quando a pandemia foi controlada, o setor financeiro rápida e agressivamente trouxe seus funcionários de volta ao escritório. No entanto, o Wells Fargo demorou mais do que a maioria de seus concorrentes para fazer isso; o banco só começou a exigir o retorno dos funcionários ao escritório no início de 2022, sob um “modelo híbrido flexível”, que exige que a maioria dos funcionários esteja no escritório pelo menos três dias por semana. Ocupantes de cargos executivos trabalham de forma presencial.
Ao que parece, as previsões de que o trabalho presencial diminuiria muito não estão se mostrando corretas.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.