Empresas de tecnologia da informação correm atrás de clientes, freneticamente, oferecendo ferramentas de inteligência artificial generativa (IA) que, segundo elas, trarão resultados extraordinários às organizações que as adotarem.
Vivaldo José Breternitz (*)
Mas algumas vozes improváveis alertam essas organizações no sentido de que esses resultados, se chegarem, o farão a longo prazo. Uma dessas vozes é a do diretor de operações da OpenAI, Brad Lightcap, que fez essa afirmação em entrevista à CNBC – não custa lembrar que a OpenAI é a dona do ChatGPT, a mais usada ferramenta de IA generativa.
Lightcap disse que as empresas tem procurado a OpenAI esperando que a IA generativa resolva seus problemas, reduza drasticamente os custos e traga de volta o crescimento, tudo isso muito rapidamente.
O executivo afirmou que IA pode melhorar algumas coisas, mas não operar milagres, até porque a tecnologia está em sua infância, em fase experimental, e ainda não se incumbe de aplicações críticas.
Em agosto passado, a OpenAI anunciou o ChatGPT Enterprise, uma versão do sua ferramenta voltada para empresas, que permite às mesmas personalizarem e treinarem a IA com seus próprios dados para atender demandas específicas – no entanto, não se pode esperar milagres de uma ferramenta que foi lançada há tão pouco tempo.
A Microsoft e a Amazon também lançaram versões de suas IAs generativas para uso empresarial, especialmente em função de preocupações com vazamentos de informações e dificuldades para trabalhar com as versões padrão dessas ferramentas.
As declarações de Lightcap são úteis no sentido de alertar potenciais usuários acerca dos perigos gerados pelo hype em torno de IA – neste contexto, hype é a promoção agressiva de uma ideia ou produto – é o assunto que está “dando o que falar”, algo que está na moda e que atrai uma ampla gama de vigaristas vendendo cursos, livros, consultorias etc., buscando lucrar com a falta de informação da maioria.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.
