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Lada: tecnologia que não deixou saudade

em Tecnologia
sexta-feira, 05 de janeiro de 2024

Tudo começou em 1966, quando foi assinado um acordo entre a Fiat e o governo da União Soviética para a constituição de uma empresa voltada à produção de automóveis populares, que foi batizada com o nome de VAZ – Volzhsky Automobilny Zavod algo como Fábrica de Automóveis do Volga.

Vivaldo José Breternitz (*)

Essa fábrica acabou se tornando o terceiro maior complexo automotivo-industrial do mundo e iniciou em 1970 a produção do Zhiguli ou VAZ 2101, um sedã de quatro portas, que nada mais era que o Fiat 124, fabricado ali sob licença da marca italiana.

A VAZ se notabilizou por ser uma fábrica altamente verticalizada, onde praticamente tudo era produzido por ela, de carburadores a vidros. Era uma organização industrial em que eficiência não era a maior preocupação, algo típico dos países comunistas.

Em 1976 foi lançado ao Lada 2121, mais conhecido como Niva (que significa “campo” em russo), um jipinho utilitário compacto 4×4 com linhas simples e retas e motor de 1.6 litros a gasolina, e que foi o primeiro projeto da montadora russa a não utilizar um modelo da Fiat como base. Rústico e competente, o modelo foi um dos carros mais marcantes já criados pela indústria soviética, tanto que até hoje esse projeto original é produzido, tendo sido exportado para o Brasil.

Outros modelos foram sendo lançados e também exportados para o bloco soviético, onde exigências quanto à qualidade não eram muito grandes; dentre esses, o Lada Samara, primeiro automóvel de tração dianteira produzido pela montadora e que também foi exportado para o Brasil, onde a marca chegou em 1990, logo após a abertura do mercado aos importados.

O primeiro carro a chegar ao Brasil foi o já defasado sedã Lada Laika, nome alusivo à raça da cadela Kudriavka, que os soviéticos enviaram ao espaço no Sputnik II, em 3 de novembro de 1957. Porém, o design ultrapassado e a péssima tropicalização dos carros, que não eram adaptados à gasolina com álcool vendida aqui e geravam mau funcionamento e problemas constantes de carburador, decretaram o fim da marca no Brasil, após seis anos, apesar de seu preço baixo – ao chegarem aqui, os Laika custavam o equivalente a US$ 7 mil da época – era o carro mais barato vendido no país.

Para encerrar, uma curiosidade: a marca Lada foi adotada pela AvtoVAZ apenas para exportação. No mercado interno russo os automóveis eram comercializados com a marca Zhiguli, cuja pronúncia semelhante a “gigolô” poderia prejudicar as exportações…

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.