A Kaspersky é uma empresa russa que produz software antivírus, utilizado por cerca de 400 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Vivaldo José Breternitz (*)
A administração Biden acaba de proibir que a empresa venda seus produtos para clientes americanos, bem como determinou que a mesma deixe de prestar serviços aos clientes atuais a partir do final de setembro, o que deve forçar esses clientes a procurarem novos fornecedores com urgência.
Segundo fontes da Reuters, conexões da empresa com o governo russo a tornam um risco de segurança, com potencial para instalar malware, coletar informações e reter atualizações de software em computadores americanos.
Ao anunciar a medida, a Secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, disse aos atuais clientes que “você não fez nada de errado e não está sujeito a penalidades”, e também que “eu encorajaria você a parar de usar esse software imediatamente e mudar para uma alternativa para proteger a si mesmo, seus dados e sua família”.
A empresa russa tem sido tema de questões ligadas à cibersegurança muitas vezes ao longo dos anos. A Comissão Federal de Comunicações colocou a Kaspersky em sua lista de empresas que representam riscos inaceitáveis à segurança em 2022. Em 2017, os produtos da Kaspersky já haviam sido proibidos em agências federais dos americanas; a empresa também foi alvo de investigações pelas autoridades de cibersegurança do Reino Unido.
Providencias desse tipo, visando bloquear ou limitar o acesso a tecnologias e softwares de países considerados adversários datam da administração Trump, que em 2020 tentou proibir o TikTok e o WeChat com o argumento de que os aplicativos de propriedade chinesa poderiam ser um risco de segurança.
Essa proibição não se tornou efetiva, provavelmente em função da vitória de Biden nas eleições passadas, mas agora voltam, visando principalmente a Kaspersky e o TikTok, muito provavelmente numa tentativa de Biden de mostrar serviço aos seus eleitores – definir inimigos externos é uma tática frequentemente adotada por políticos que temem perder eleições.
Por sua vez, o governo russo diz que os produtos ora banidos não representam riscos para os americanos, e que as medidas de Biden visam apenas favorecer empresas americanas concorrentes da Kaspersky.
(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].
