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Japão: inteligência artificial será usada para suprir falta de pessoal militar

em Tecnologia
quarta-feira, 18 de setembro de 2024

O Ministério da Defesa do Japão investirá em inteligência artificial, automação e melhoria das condições das tropas para enfrentar uma crescente escassez de pessoal em um momento que há preocupações com o crescente poder militar da China.

Vivaldo José Breternitz (*)

O anúncio vem após os péssimos resultados da campanha anual de recrutamento das Forças de Autodefesa (SDF), como são chamadas as forças armadas do país. A campanha, encerrada em 31 de março, conseguiu recrutar pouco menos de 10 mil pessoas, a metade da meta; esses números eram necessários para manter as SDF com um efetivo de cerca de 250 mil militares. A situação é agravada pela queda na taxa de natalidade no país.

Temendo que a China ataque a vizinha Taiwan, desencadeando um conflito na área, o primeiro-ministro Fumio Kishida já havia anunciado em 2022 uma duplicação dos gastos com defesa para adquirir mísseis, caças avançados e criar uma força de defesa cibernética.

Para manter a eficiência com menos militares, as SDF usarão mais tecnologia de inteligência artificial, alocando para isso, apenas na vigilância de bases militares, o equivalente a cerca de 700 milhões de reais no próximo ano. Também serão comprados mais drones e três navios para defesa aérea, altamente automatizados, que exigem apenas 90 marinheiros, menos da metade da tripulação dos navios atuais; serão investidos nesses navios valores próximos a 13 bilhões de reais.

Para liberar mais tropas para atividades operacionais, as SDF também terceirizarão diversas atividades.

E, em uma tentativa de aproveitar o pool de pessoas em idade militar, que também são disputadas por empresas capazes de pagar melhores salários, planeja oferecer incentivos financeiros e melhores condições de vida, como alojamentos e comida de mais qualidade.

Também se pensa em atrair mais mulheres, que atualmente representam menos de 10% do pessoal das SDF – tentativas anteriores nesse sentido foram prejudicadas por uma série de casos de assédio sexual.
Para ajudar nesses esforços, as SDF pretendem investir o equivalente a quase 700 milhões de reais para melhorar os alojamentos destinados ao pessoal feminino, bem como contratar conselheiros externos para apoiar as mulheres e fortalecer o treinamento contra assédio.

Começam a surgir os primeiros problemas derivados da queda da taxa de natalidade e envelhecimento da população, que devem ocorrer em boa parte do mundo.

(*) Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas – [email protected].